Jornais escondem os bons números sobre emprego

Os principais jornais brasileiros não deram muita bola para os excelentes números da evolução do emprego no país, divulgados ontem (25) em duas pesquisas distintas.


 


Por Luiz Antonio Magalhães

Os dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados) revelaram que em março foram criados 146 mil novos empregos com carteira assinada, resultado foi 91,15% superior ao verificado no mesmo mês de 2006 e recorde histórico desde 1992, quando a pesquisa começou a ser feita.


 


Também a pesquisa do Seade/Dieese, que apontou um aumento no desemprego nas regiões metropolitantas em março é positiva, porque trata-se da menor taxa de desemprego para o mês de março em dez anos.


 


O desemprego normalmente aumenta nos três primeiros meses do ano porque é a época em que muita gente entra no mercado de trabalho para procurar emprego, provocando um efeito estatístico nas taxas. O correto, portanto, é comparar o nível com o de anos passados, e não com os meses anteriores.


 


Sem capa


 


Na Folha de S.Paulo, o assunto sequer rendeu chamada na primeira página e ficou escondido no meio do caderno “Dinheiro”. A chamada para a pesquisa do Dieese é um primor de manipulação: “Desemprego em S. Paulo tem taxa recorde no mês”.


 


Quem não atentar para o texto da nota (“A taxa de desemprego na região metropolitana de São Paulo subiu para 15,9% em março, mas o patamar é o menor para o mês em dez anos, divulgaram ontem a Fundação Seade e o Dieese.”) vai achar que o recorde é negativo – o maior desemprego para mês de março…


 


No Estadão, o assunto rendeu chamada de capa, mas a retranca sobre os dados da Fundação Seade simplesmente não explica que o índice foi o mais baixo em dez anos nem que o aumento em março se deve à sazonalidade. O Globo deu uma matéria honesta, em abre de página, mas também preferiu não dar o assunto na primeira página.


 


Outros recordes à vista


 


Os jornais podem se preparar: segundo o professor Cláudio De Decca revelou ao DCI, o atual aumento no emprego está se dando com uma taxa de crescimento do PIB de algo em torno de 3,3% a 3,5% ao ano. Ao longo de 2007, esta taxa anualizada deve subir até chegar aos 4% ou 4,5% previstos para o ano todo e o mercado de trabalho deverá refletir o crescimento.


 


Mais recordes serão quebrados em breve. Lula, portanto, terá o que comemorar. Resta saber se os jornais terão coragem de dar o merecido destaque à recuperação do emprego no país.


 


Fonte: Blog Entrelinhas