Brasil vê China e Índia mais como aliados do que adversários
O secretário do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do Brasil, Ivan Ramalho, afirmou nesta terça-feira (17) que o país deve olhar para a China e para a Índia “mais como aliados que como concorrentes”.
Publicado 18/04/2007 09:57
Em entrevista, Ramalho afirmou que “do ponto de vista das negociações, há relações muito razoáveis com China e Índia, o que faz com que seja necessário intensificar os esforços na busca de maiores investimentos, como fez a Espanha, que por anos liderou os investimentos no Brasil”.
Nesse sentido, destacou o controle da inflação, a redução do risco-país, o fortalecimento do real e o aumento das exportações, da balança comercial e das reservas internacionais. Ivan Ramalho afirmou também ser importante não ter dívida com organismos como o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Necessidade de atrair investimentos
Após inaugurar a 2ª Conferência Internacional “Desafios emergentes”, o secretário acrescentou que “as relações do Brasil com a China e a com Índia são boas. Com a China, o Brasil já tem um comércio exterior muito grande e não precisamos tanto competir, mas atrair investimentos”.
O encontro foi convocado pelo Conselho Empresarial Brasil-China e reuniu por dois dias especialistas dos dois países, além de representantes de Índia, Estados Unidos, México e África do Sul.
O funcionário afirmou que “a China já é um dos maiores aliados comerciais do Brasil. Ela fornece muito para o nosso país e também temos uma exportação expressiva para a China hoje”.
“Também temos uma relação comercial bem grande com a Índia. Não é uma relação tão expressiva como com a China, mas é ampla e se desenvolveu. Mantemos uma boa pauta na parte industrial e a Índia esteve ao lado do Brasil em negociações internacionais, pois temos pontos de vista comuns”, declarou.
Números positivos
Em 2006, o comércio entre Brasil e China alcançou cerca de US$ 16,38 bilhões, com superávit brasileiro de US$ 410,4 milhões. A corrente comercial com a Índia ficou próxima de US$ 2,41 bilhões, com déficit para o Brasil de US$ 537,3 milhões.
“Acontece que estes números são muito expressivos quando são vistos pelo lado brasileiro, mas se vemos os números da China, nossa participação ainda é pequena, porque ela compra US$ 800 bilhões do mundo”, comentou.
Segundo Ivan Ramalho, “(este) número é extraordinariamente grande, pois envolve uma quantidade de produtos enorme e isto nos faz querer ampliar nossas exportações para a China, especialmente de produtos industrializados”.
“Queremos vender produtos manufaturados, pois agora vendemos matérias-primas, como soja, minerais”, comentou – embora tenha reconhecido que existem setores “sensíveis” da economia brasileira, como a indústria têxtil e de brinquedos, que foram afetadas pela importação de produtos chineses.
“Acordos de restrição voluntária com a China” foram negociados. O país asiático passou a regular o número de cotas exportadas ao Brasil por iniciativa e autonomia própria, detalhou o secretário.
Os sindicatos de têxteis e de lojas de brinquedos brasileiras vêm se pronunciando contra o reconhecimento da China pelo Brasil como “economia de mercado”, diferente do status de “economia de Estado” que o país asiático tem na Organização Mundial do Comércio (OMC).