Protestantes e católicos selam acordo na Irlanda do Norte

Não houve aperto de mãos, mas o reverendo Ian Paisley e Gerry Adams, grandes inimigos até então, sorriram após anunciar nesta segunda-feira (26/3) que formarão um governo de poder compartilhado entre protestantes e católicos na Irlanda do Norte, que entra

Muitos dias “históricos” ocorreram durante o processo de paz e alguns não tiveram os resultados desejados, mas este último e significativo acordo entre o majoritário Partido Democrático Unionista (DUP, protestante) e o Sinn Féin (católico), braço político do Exército Republicano Irlandês, poderia finalmente colocar ponto final aos conflitos no Ulster.



Assim acreditam os governos do Reino Unido e da República da Irlanda, que, após anos mediando conversas entre os partidos do Ulster, conseguiram um acordo entre duas formações que jamais tinham trocado uma palavra, lideradas pelos inflexíveis da região.



O anúncio foi feito pelo próprio reverendo Paisley, sentado próximo a Adams, em uma sala do Castelo de Stormont, sede da Assembléia da Irlanda do Norte, após reunir-se pela primeira vez na história com a delegação do Sinn Féin.



“Este encontro representa um grande passo em direção ao estabelecimento de um Executivo de poder compartilhado em seis semanas”, disse Paisley.



Pelo acordo, o reverendo – futuro chefe do Governo do Ulster – e seu assessor, o “número dois” republicano e ex-comandante do IRA Martin McGuinness, manterão reuniões regulares durante o período para elaborar um programa político.



O primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair, lembrou que “tudo o que foi feito nos últimos dez anos foi uma preparação para este momento”, que considerou “muito importante para o povo da Irlanda do Norte”.



Blair disse acreditar que o acordo dará aos norte-irlandeses “o futuro que querem”, e afirmou que é “extraordinário” que pessoas tão antagônicas no passado tenham conseguido uma reunião.



O primeiro-ministro da República da Irlanda, Bertie Ahern, disse que os atos “são muito positivos e não têm precedentes” na história da província.



“Peço a todos os partidos que aproveitem o período preparatório que têm agora à disposição para garantir que o novo Executivo estará em condições de desenvolver todas suas responsabilidades em 8 de maio”, acrescentou Ahern.