O que pode um deputado?

A briga entre o deputado estadual Theodorico Ferraço e o governador Paulo Hartung me chama a atenção por um aspecto que talvez tenha passado despercebido por muita gente. O que pode um deputado estadual? O que pode um vereador? O que pode o Legislativo? Quais são os seus limites? Qual o raio de ação de cada homem público?

Quem conhece o ex-prefeito de Cachoeiro sabe que ele iria para a Assembléia com o ímpeto de um homem que lida há anos com o Executivo. Mas um deputado não é um prefeito. Existem limites. E essa limitação pode colocar um legislador fora dos holofotes. O trabalho no Legislativo é exaustivo, é na maioria das vezes silencioso. Penoso. Solitário.

Quando ganhou as eleições para deputado estadual, Ferraço me disse que ia perseguir com unhas e dentes o ideal de colocar o Hospital do Aquidaban para funcionar. Se não conseguisse isso, o seu mandato não valeria à pena. Agora pipocam rumores de que o seu rompimento, além de ser por conta do prestigio de Casteglione (PT) junto ao governador, é também por conta do “descaso” do Governo (leia-se Anselmo Tose, secretário de Saúde) com o seu projeto.

Ferraço passou a perseguir esse desejo desde o início do mandato. Mas me parece que o hospital não vai sair. Mirou artilharia em Tose, e agora, por último, no governador. Mas a lição que fica nessa briga entre os dois é maior do que as manchetes de jornais. Trata-se do papel que cada político pode executar. Sem dúvida uma grande lição para os nossos futuros candidatos a vereador e a deputado.

Cansei de ver e ouvir muitos prefeitos e até governadores tecerem críticas a deputados estaduais e federais, acusando-os de inoperância política e de desprestígio público por não conseguirem realizar ações de interesse coletivo, ações que fossem palpáveis. Trazer obras para a sua cidade. Canso de ouvir a população reclamar que o vereador de sua comunidade não faz nada. Não leva obras para a sua rua e etc. Mas será esse o papel do legislador?

Ouvi na campanha de 2004 um candidato a prefeito questionar o então deputado Casteglione: “O que o senhor fez pela nossa cidade? Me mostra uma obra sua?”. Antes, quando Roberto Valadão era deputado federal e foi disputar a cadeira de prefeito, ouvi alguém num debate dizer assim: “Me mostra uma ação sua em benefício da cidade? O senhor ficou lá quatro anos e não fez nada?”.

Então, meus míseros leitores, a pergunta que deve ficar diante dessa briga entre Ferraço e o governador é a seguinte: o que pode um parlamentar? Quais os seus limites de atuação? Pensem nisso antes de cobrar de um deputado ou de um vereador.

“Na Glória/Começou a nossa história/Na Glória/ se não me falha a memória…

Ilauro Oliveira
Historiador

Fonte: www.atenasnoticias.com.br .