Morreu Lucie Aubrac, 94, símbolo da Resistência Francesa

Lucie Aubrac, um dos principais símbolos da Resistência Francesa antinazista, morreu na quarta-feira (14), aos 94 anois de idade, no Hospital Suíço de Paris. Aubrac foi o sobrenome de guerra de seu marido, Raymond Samuel, com o qual ela participou na clan

Lucie nasceu na região de Borgonha, em junho de 1912, e desde jovem foi militante das Juventudes Comunistas. Tornou-se professora de história e ensinou em Estrasburgo, onde conheceu seu marido no fim dos anos 30, o que marcaria seu envolvimento na guerra.



Nasce o jornal Libération



No verão de 1940 ela organizou pela primeira vez a fuga de Raymond da prisão de Sarrebourg. No outono do mesmo ano, formpu um pequeno grupo (“A Última Coluna”), junto com o jornalista Emmanuel d'Aatier. Criou também o jornal clandestino Libération.



A partir de 1942, dirigiu um comando que organizava fugas de presos pertencentes à Resistência. Em 1943 conseguiu libertar novamente seu marido, preso meses antes.
Pouco depois Raymond voltou a ser detido, nos arredores de Lyon, junto com Jean Moulin, um dos líderes da Resisência aos nazistas na França, e mais uma dezena de ativistas.



Mais uma vez Lucie logrou libertá-lo, assim como a outros 13 membros da Resistência, durante um deslocamento quatro meses mais tarde.



Em 1944, intensamente procurada pela Gestapo, Lucie Aubrac fugiu para Londres, com um filho pequeno e grávida da que seria sua filha. Depois da guerra, voltou à França com o marido, que foi nomeado primeiro comissário da República (delegado do governo) em Marselha, antes de assumir outros cargos políticos em Paris.
Lucie Aubrac prosseguiu sua militância na Anistia Internacional e na Rede de Mulheres pela Paridade. Destacou-se por sua atuação em defesa dos imigrantes sem-papéis.



O Comunicado da Resistência 2005



Em 2005 ela e o marido estavam entre os signatários do Comunicado do Conselho Nacional da Resistência, que não foi publicado pelos meios de comunicação franceses, sob a alegação de que se queriam divulgá-lo deviam pagá-lo como matéria publicitária.



O comunicado é uma candente denúncia das tendências atuais na Europa, em contraste com o programa da Resistência adotado na clandestinidade em 15 de março de 1944. Este previa “seguridade social e aposentadorias universalizadas, controle dos 'feudos econômicos', direito à cultura e educação para todos, imprensa libertada do dinheiro e da corrupção, leis sociais, operárias e agrícolas.”



“Como é possível que hoje falte dinheiro para manter e prolongar essas conquistas sociais, quando a produção das riquezas aumentou consideravelmente desde a Libertação?, indaga o texto. “Os responsáveis políticos e econômicos, intelectuais e o conjunto da sociedade não devem se omitir, nem se deixar impressionar pela atual ditadura internacional dos mercados financeiros que ameaçam a paz e a democracia”, denunciava o texto.



Coim informações do jornal La República, Espanha