Aparente insatisfação uruguaia com cúpula do Mercosul
A julgar pelos reflexos em Montevidéu dos resultados da cúpula do Mercosul, ocorrida no Brasil, o Uruguai voltou da reunião com as malas meio cheias, ou meio vazias, conforme o ponto de vista do observador. O presidente uruguaio, Tabaré Vázquez, não parti
Publicado 20/01/2007 16:15
O chanceler Reinaldo Gargano — e não Vázques — foi o encarregado de assinalar que o Uruguai não aceitará uma moeda única e só negociará tendo o padrão dólar como moeda principal.
Diálogo Argentina-Uruguai se esfuma
Antes da reunião, a grande imprensa uruguaia deu destaque ao que se diria sobre o conflito com a Argentina em torno das indústrias de celulose na fronteira. Vázquez, porém, não falou do tema em sua única intervenção na cúpula, de seis minutos.
“Ou a mídia uruguaia estava mal informada, ou Vázquez se arrependeu durante no vôo”, comentou um jornalista.
Conforme noticiaram as equipes enviadas ao Rio pela TV local, o desentendimento entre Uruguai e Argentina tencionou e inflamou a reunião dos chanceleres e ministros da Economia do Mercosul, que ocorreu sem a presença do ministro uruguaio Danilo Astori.
Depois de uma queixa de Gargano, devido ao bloqueio de estradas e pontes na fronteira, houve uma dúra réplica de seu homólogo argentino, Jorge Taiana. Mais uma vez o diálogo entre as duas partes parece esfumar-se, opinam os analistas.
“O Uruguai não quer verdadeiramente achar uma saída para o conflito”, disse o ministro argentino das Relações Exteriores.
Chamamento contra as assimetrias
Durante o seu curto pronunciamento na cúpula, Vázquez voltou a fazer um claro porém firme chamamento para que se contemple as assimetrias e as necessidades dos sócios menores do bloco. O Uruguai quer “flexibilidade para negociar fora do mecanismo de integração regional”, disse ele, aparentemente referindo-se ao acordo marco sobre comércio e investimentos, a ser assinado em Montevidéu por um enviado dos Estados Unidos, sexta-feira que vem.
Vázquez elogiou o crescimento do comércio entre os Estados membros do Mercosul, mas advertiu que para o Uruguai este intercâmbio é “absolutamente deficitário”.
“Temos um déficit comercial de US$ 1 bilhão na região. Para não ir mais longe, no ano passado o Brasil comprou autopeças no Uruguai no valor de US$ 5 milhões; e o Uruguai comprou do Brasil autopeças no montante de US$ 150 milhões”, comentou.
“O que o Uruguai quer é justiça nesse tratamento, pois nós, países de economias pequenas, assim como os pobres de nossas terras, não somos objeto de beneficiência ou dádivas, mas sujeitos de direito e para este direito apelamos”, afirmou.
Correa vê “ambiente de harmonia”
O equatoriano Rafael Correa, que assumiu a presidência de seu país na segunda-feira passada, disse à imprensa que teve uma impressão positiva desta sua primeira reunião formal com seus colegas da Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai, Venezuela Chile, Bolívia e Colômbia.
“A percepção que tenho é de que existe um ambiente de harmonia na região neste momento”, afirmou Correa. E agregou que “ter empatia e coincidências é fundamental para que se impulsione os projetos”.
Conforme o novo governante, “há, sim, uma vontade política para essa agregação”, embora, acrescentou, “não basta querer”, pois “é preciso saber o caminho”.
Por sua vez, Lula disse que “o pluralismo ideológico” é “absolutamente compatível” com o processo de integração dos países da região. 'Nunca existiu um clima político tão favorável para a nossa integração'', afirmou o governante brasileiro, durante a apresentação do relatório final da presidência pro tempore do Brasil, na cúpula dos chefes de Estado do Mercosul.
* Intertítulos do Vermelho