Emir Sader “ousou defender sua raça”, diz Lula
O sociólogo Emir Sader, condenado por injúria ao criticar em artigo declarações do presidente do PFL, Jorge Bornhausen, recebeu neste sábado (25/11) a solidariedade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do presidente do PT, Marco Aurélio Garcia. Ele f
Publicado 25/11/2006 19:43
“A sociedade brasileira não pode aceitar que um cidadão se dê ao luxo de querer castigar um companheiro que ousou defender sua raça”, disse Lula em discurso, ressaltando que é nas crises que se conhecem os amigos. Sader foi condenado neste mês, em primeira instância, a um ano de prisão em rime aberto e à perda de sua cátedra na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) por ter atacado Bornhausen em um artigo.
O texto, publicado na Agência Carta Maior em agosto do ano passado, chama Bornhausen de “racista”, “desprezível” e “direitista” em resposta a uma declaração feita pelo senador de que, em função das denúncias contra o PT, o país se veria “livre dessa raça por, pelo menos, 30 anos”.
Como na ditadura
Marco Aurélio vinculou a condenação de Sader ao período do regime militar (1964-1985). “Estamos juntos aos milhares de intelectuais que protestaram contra esse ato arbitrário, que faz lembrar os velhos tempos da ditadura militar, à qual serviu com afinco e dedicação o senador pefelista”, afirmou. “A contribuição intelectual de Emir tem juízes bem mais doutos do que alguns trêfegos analistas. Sua integridade ética e política é por nós todos conhecida.”
Em entrevista recente, o governador de São Paulo, Cláudio Lembo, pefelista como Bornhausen, considerou excessiva a decisão da Justiça condenando Sader. Advogado especializado em direito constitucional, Lembo defende que um homem público tem que estar ciente que é objeto de críticas mais fortes do que as recebidas por um cidadão comum. Também afirmou que não viu injúria no artigo de Sader – e que acha possível que o sociólogo obtenha vitória em segunda instância.