Líbano: A importância de resistir num cenário de genocídios
Resistir num cenário de crimes, conflitos, destruições e massacres. Centenas de intervenções em quatro grupos de trabalho – Eixos estratégicos e resistência, Mídia, Aspectos Jurídicos e Reconstrução – chamaram a atenção para essa dramática realidade provo
Publicado 18/11/2006 18:36
Muitas análises foram feitas sobre a visão que os Estados Unidos têm do Oriente Médio, considerada como uma região de “vazio estratégico” que cabe à superpotência controlar. Washington atua nesse cenário visando a impor sua autoridade, “preencher o vazio estratégico” e controlar as imensas fontes de recursos energéticos. Por isso, como ressaltaram muitos oradores, os norte-americanos fizeram a guerra contra o Iraque, a ameaça ao Irã e à Síria e estimulam Israel em sua guerra abeta contra o Líbano, ao mesmo tempo em que respaldam o Estado sionista em sua política de impedir a instauração do Estado palestino e prosseguir massacrando esse povo.
A respeito disso, destacaram-se os debates sobre o comportamento israelense, que tanto na guerra do Líbano quanto na Palestina, teve o apoio norte-americano, assumindo um caráter genocida, não se tratando apenas de ações militares contra as forças regulares e irregulares da Resistência, mas também uma destruição sistemática de populações inteiras, como tem ocorrido também no Iraque sob ocupação norte-americana.
Diversos participantes do Encontro denunciaram a política estadunidense referente à atual crise política no Líbano. Segundo eles, os Estados Unidos estão dando todo o apoio à facção que realizou a chamada Revolução do 14 de março, e identificam no imperialismo norte-americano a origem da decisão de instaurar um tribunal internacional para julgar o caso Hariri. Como se sabe, os Estados Unidos atribuem à Síria e aos seus aliados no Líbano a responsabilidade pelo assassinato do ex-primeiro ministro Rafic Hariri.
Choque de civilizações
Muitas intervenções concentraram-se no tema religioso e cultural, combatendo a tese do “Choque de Civilizações” inspiradora da orientação da política externa dos neoconservadores norte-americanos. Participantes de diferentes ideologias e confissões religiosas consideraram “perigosa” a ideologia que os norte-americanos e israelenses pretendem imprimir aos atuais conflitos – ideologia que põe o Islã no alvo dos combates, considerando-o uma religião intolerante e professada por gente de “segunda classe”, argumento usado para justificar o genocídio.
A esse respeito, um dos lideres mais importantes do Hezbolá, o Dr. Ali Fayyad, presidente do Centro de Pesquisas e Documentação Estratégicas – instituto de estudos políticos e teóricos do partido xiita – e membro do seu Birô Político, é incisivo: “Nossa ação política obedece exclusivamente a critérios políticos. As divisões no Líbano não são religiosas. Nossa luta é pela justiça social, a soberania do país e a paz. Nós nos opomos decididamente à idéia do conflito religioso entre cristãos e muçulmanos e também à hegemonia de uma só confissão religiosa”.
União contra Israel e os EUA
Entre muitas idéias que unificam tão diversificadas plenárias, duas idéias têm o apoio unânime dos participantes do Encontro Internacional de Apoio à Resistência Libanesa – o de que os imperialistas norte-americanos e seus aliados israelenses estão sendo fragorosamente derrotados no Afeganistão, no Iraque, no Líbano e na Palestina e de que é preciso unir amplas forças políticas e cerrar fileiras em torno da idéia de resistir ao inimigo e às suas ocupações e agressões.
Nesse sentido, foi saudada como um extraordinário passo a união entre o Hezbolá, o Partido Comunista e outras forças acionais libanesas. O Encontro prosseguirá até o dia 19 de novembro. Os participantes visitarão os subúrbios da região sul de Beirute e o Sul do Líbano, locais que sofreram maciços bombardeios durante a guerra de agressão israelense em julho e agosto últimos.