Irã está disposto a dialogar com a Argentina, diz diplomata
O Irã está disposto a abrir diálogo com a Argentina, assegurou o encarregado iraniano de negócios em Buenos Aires, Mohsen Baharvand, uma semana depois de a Justiça do país pedir a prisão de nove iranianos por um atentado que causou 85 mortos em 1994.
Publicado 18/11/2006 17:59
“Precisamos de um canal de diálogo para estar em contato. O Irã está disposto a abrí-lo”, destacou o diplomata em entrevista publicada neste sábado (18/11) pelo jornal argentino Clarín.
Baharvand propôs a criação de “um mecanismo bilateral” para retomar contatos entre os dois países, restrito aos seus encarregados de negócios, e ressaltou que o Irã “pode provar com documentosnão teve nada a ver” com o ataque contra a Associação Mutual Israelita Argentina (Amia).
“Digo que temos provas concretas”, afirmou, antes de comentar que o Irã ainda não as apresentou porque “primeiro o acusam e depois querem perguntar, quando o certo deveria ser o contrário”.
O encarregado de negócios insistiu na definição de “um interlocutor” entre os dois países e fez críticas a Alberto Nisman, promotor da causa, afirmando que “a única coisa que ele quer é acusar o Irã”.
Israelenses e norte-americanos
O embaixador iraniano disse que Estados Unidos e Israel têm tirado “proveito” do conflito entre Argentina e Irã, e disse esperar que a Interpol se oponha às ordens de prisão decretadas contra nove iranianos, acusados de terem encomendado o atentado, cometido em 18 de julho de 1994, à milícia do grupo xiita libanês Hisbolá.
Entre os iranianos que tiveram pedido de prisão decretado com fins de extradição pelo juíz argentino Rodolfo Canicoba Corral estão o ex-presidente Hashemi Rafsanjani e os ex-ministros Ali Akbar Velayati (Relações Exteriores) e Ali Fallahijan (de Informação e Segurança).
Segundo Baharvand, esses pedidos de prisão incomodaram o Irã porque “são pessoas que fizeram muito pelo país, foram heróis nacionais”.
O governo iraniano rejeitou as ordens de detenção ao apontar que carecem de fundamento jurídico, e pediu a captura do ex-juiz argentino Juan José Galeano, que comandou a investigação do atentado durante nove anos, e do promotor do caso.
O atentado na Amia foi o segundo cometido contra judeus em Buenos Aires. Em 1992, um carro-bomba destruiu a sede da embaixada de Israel deixando 29 mortos e uma centena de feridos.