Apesar da oposição, Lula e Chávez aprofundam cooperação

O principal item da colaboração Venezuela-Brasil é a construção conjunta da refinaria de petróleo José Inácio de Abreu e Lima, em Pernambuco. A obra deve custar US$ 2,5 bilhões e terá capacidade para refinar 200 mil barris por dia, como parte da Aliança Estratégica estabelecida entre os dois países.

No nome, homenagem a herói e socialista

O governador eleito de Pernambuco, Eduardo Campos, acompanha Lula na viagem para tratar do cronograma da obra e expressar o interesse dos pernambucanos na grande obra. Os ministros das Relações Exteriores, Celso Amorim, e das Minas e Energia, e o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, também participam do encontro na Venezuela.

O nome da refinaria é uma homenagem ao filho do padre Roma, que na adolescência viu seu pai ser fuzilado por participar da Revolução de 1817 em Pernambuco, e mais tarde lutou por 14 anos como general de Simón Bolívar nas Guerras de Independência. Abreu e Lima (1794-1869), reverenciado como um grande herói na Venezuela, mas pouco conhecido em sua pátria, voltou ao Brasil, participou da Revolução Praieira (1848), sendo preso, e foi um pioneiro das idéias avançadas no país, com o livro O Socialismo (1855).

O fator petróleo

Atualmente, a Venezuela é o quinto maior exportador mundial de petróleo e o terceiro maior da Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep) com 3,4 milhões de barris diários. Suas reservas atuais chegam a  235 bilhões de barris e o país pretende se tornar o primeiro do mundo em reservas petrolíferas com 316 bilhões de barris. Daí seu empenho em elevar sua capacidade de refino.

Em agosto deste ano, por meio de carta enviada ao país, Lula demonstrou a vontade de transformar os recursos naturais da América do Sul em fator de prosperidade e independência do povo venezuelano e de toda a América do Sul. O presidente da Petrobras Venezuela, Gerson Fernández, diz que o país espera processar diariamente em Pernambuco 200 mil barris de petróleo.

Comércio bilateral passa de US$ 3 bilhões

A agenda da colaboração petrolífera bilateral tem outros itens além da refinaria em Pernambuco. Às 8h30, os dois presidentes tiveram um café da manhã de trabalho na Ciudad Guayana. Em seguida, Lula e Chávez participaram da inauguração da segunda ponte sobre o Rio Orinoco.

De acordo com o Itamaraty, a ponte foi construída por uma empresa brasileira e será um importante corredor de transportes, que facilitará o acesso às regiões central e oriental da Venezuela. A construção contribuirá para incrementar o comércio bilateral, que ultrapassou US$ 3 bilhões no período de janeiro a setembro de 2006, e para estabelecer rota de exportação ligando Boa Vista e Manaus ao Mar do Caribe.

À tarde, Lula e Chávez inauguram as reservas da faixa petrolífera de Carobobo I na Faixa do Orinoco, realizadas conjuntamente pelas empresas Petrobras e PDVSA. Às 15h30, Lula dará uma entrevista para jornalistas. O retorno ao Brasil está marcado para o início da noite, com chegada prevista em Brasília às 23h55.

Com agências