Bolívia adia nacionalização do setor de mineração do país

A nacionalização do setor de mineração na Bolívia, anunciada para 31 de outubro, foi adiada por tempo indeterminado porque o governo do presidente Evo Morales concentrará seus esforços em consolidar a dos hidrocarbonetos.

“Este ano queremos consolidar a nacionalização dos hidrocarbonetos. Temos todo um pacote para mineração, mas não queremos atropelar as coisas, mas ser responsáveis”, disse Morales em entrevista coletiva.



O presidente afirmou que o Estado não tem neste momento recursos econômicos para lançar a nacionalização da mineração, como anunciou na semana passada o ministro do setor, Guillermo Dalence.



“Reconhecemos nossa fraqueza”, disse Morales, ao comentar que se avançará “passo a passo” no fortalecimento da mineração.



Aniversário
O governo boliviano pretendia anunciar a segunda nacionalização da mineração nesta terça-feira, no 54º aniversário da primeira medida desse tipo, tomada em 1952, durante uma revolução liderada pelo ex-presidente Víctor Paz Estenssoro.



Segundo o ministro Dalence, o decreto da nacionalização continua em estudo porque deve ser “tecnicamente bem trabalhado e economicamente bem sustentado”.



O anúncio da nacionalização produziu tensão em algumas das jazidas que as cooperativas minerárias controlam devido ao risco de perder suas fontes de trabalho. O governo ratificou seu plano para fortalecer a estatal Corporação Mineira da Bolívia com a contratação imediata de quatro mil cooperativistas mineiros na mina Huanuni, de estanho, situada no departamento de Oruro.



Dois grupos rivais de mineiros, cooperativistas e estatais, se enfrentaram em 5 e 6 outubro pelo controle da jazida. O conflito terminou com 16 mortos e mais de 60 feridos.