Nicarágua sandinista espera ''mais'' do Brasil em 2007

No domingo que vem (5) será a Nicarágua que terá eleições gerais. Hernán Estrada, secretário de Relações Internacionais da Frente Sandinista (FSLN), pardido do favorito na disputa presidencial, Daniel Ortega, veio a São Paulo acompanhar a apuração brasile

No próximo Domingo vamos ganhar'', afirma com absoluta convicção Estrada, advogado de profissão. A última pesquisa do instituto Borge y Asociados dá a Ortega 30,3% dos votos. O governista Eduardo Montealegre soma 17,9% e José Rizo, do PLC, tem 17,1%. Desde o início da campanha Ortega lidera a intenção de voto.



''Queremos um Lula mais beligerante''



Sobre a reeleição de Lula, o enviado sandinista tem palavras de apoio mas também de pressão. ''O novo governo brasileiro precisa dar mais importância à integração latino-americana'', afirma.



''Estamos confiantes. Existe um vínculo histórico de Lula com a Frente Sandinista. Mas todos (ele se refere aos latino-americanos) queremos um governo Lula mais beligerante nas relações internacionais, menos centrado no comércio. Estamos dando uma opinião. Gostaríamos que ele apostasse mais nas mudanças de fundo'', declara com franqueza o nicaraguense.



A trajetória da Frente Sandinista



A FSLN dirigiu nos anos 60 e 70 do século passado a resistência guerrilheira contra a ditadura de Anastacio Somoza, uma das mais ferozes que o continente já conheceu. Em 1979 a guerrilha, com impressionante apoio de massas, tomou o poder e Ortega tornou-se presidente. Mas a direita nicaraguense, com apoio direto dos EUA, iniciou uma guerra de desgaste através dos ''contras''. Debilitado, o governo sandinista perdeu as eleições de 1990 e passou à oposição, nos quadros de uma democracia à centro-americana.



A eleição de domingo, segundo as pesquisas, tende a levar a FSLN de volta ao governo. Hoje um partido político filiado à Internacional social-democrata, a Frente mantém contudo o viés antiimperialista, a relação estreita com Cuba e a valorização de sua trajetória revolucionária. Mantém igualmente, a julgar pelas declarações de Hernán Estrada, o empenho em impulsionar uma integração latino-americana de conteúdo avançado.