Jussara no debate: ''O cavalo está passando encilhado. Não podemos perder esta oportunidade''
No debate da TV COM, Jussara reafirmou que é melhor para o Rio Grande eleger Olívio, para se ter sintonia com o crescimento registrado no país, sobretudo com a provável reeleição de Lula. Feijó, mais uma vez, revelou pouco conhecimento sobr
Publicado 25/10/2006 08:43 | Editado 04/03/2020 17:12
A TV COM realizou, na noite desta terça (24), o último debate entre os vices na disputa eleitoral do RS. Ao todo foram três encontros entre Jussara Cony, vice de Olívio Dutra (PT/PCdoB) e Paulo Feijó, vice na chapa de Yeda Crusius (PSDB/PFL). Além da TV COM, os candidatos se enfrentaram na TV Band (22) e no programa Polêmica, na rádio Gaúcha (23). Nos confrontos, a candidata Jussara Cony conseguiu explicitar as diferenças entre os dois projetos em disputa ao Piratini, ao fazer comparações com os governos que foram apoiados por Yeda, como os de Britto e FHC, e ao trazer à tona posicionamentos dos representantes da chapa PSDB/PFL. O candidato da chapa tucana revelou-se pouco conhecedor dos principais temas relacionados ao governo do Estado e procurou sempre fugir do rótulo de privatista; emitiu conceitos genéricos na maioria das respostas e chegou a ser lacônico em alguns momentos, sequer usando todo o tempo que dispunha.
Oportunidade para o Rio Grande
Este último debate, realizado na TV COM, foi o mais intenso. Jussara procurou marcar bem a idéia de que o Estado possui oportunidade ímpar para retomar o desenvolvimento com a reeleição de Lula no governo federal. Para ela, haverá muito mais sintonia com Olívio no governo do Rio Grande. ''O cavalo está passando encilhado. Não podemos perder esta oportunidade'', disse. Acrescentou ainda que, a exemplo do Brasil, o Estado tem que voltar a crescer – ser ajudado e ajudar o Brasil no seu projeto de desenvolvimento.
Jussara apresentou, no início do programa, a proposta da Frente Popular de ''choque de empregos e crescimento'', em contraposição ao ''choque de gestão'', de Yeda e Feijó. O candidato a vice na chapa tucana chegou a dizer que se tratava de oportunismo eleitoral. Na tréplica, Jussara respondeu dizendo que é uma proposta amadurecida com os diversos setores produtivos do Estado e que é o que o Rio Grande precisa no momento histórico atual. Além disso, situou quais as outras estratégias de governo da Frente Popular para enfrentar a crise econômica do Estado. Entre elas, citou o acordo para renegociação da dívida do Estado com a União, que pode gerar uma economia de R$ 600 milhões por ano; o aumento de receita sem “tarifaços”; incentivos para setores que geram empregos. Ela cobrou da candidatura adversária apresentação de propostas.
Feijó monocórdio
Feijó, a exemplo dos outros debates, continuou tocando ''o samba de uma nota só'' da sua luta contra a carga tributária. Reafirmou que defende a diminuição dos impostos, porém não disse como fazer isso. Mas, em dado momento, deixou escapar sua sanha privatista. ''Temos que tirar o peso dos impostos e do governo voraz de quem quer empreender. O Estado tem que se envolver apenas nas questões essenciais, como educação, saúde e segurança''. Confuso, diante da provocação de Jussara quanto à proposta da Frente Popular de diminuir impostos para gerar empregos, chegou a dizer que achava boa a medida e que até apoiava.
Feijó não admitiu diretamente suas posições amplamente conhecidas em favor das privatizações. Mais uma vez, como fez nos outros debates, limitou-se a afirmar que no programa de governo de Yeda não há proposta para isso. Não soube responder o porquê do descolamento da sua chapa com a candidatura de Geraldo Alckmin, que defendeu as privatizações recentemente, ao referendar ações dos governos FHC.
Anti-comunismo
Outra ''derrapada'' do candidato a vice de Yeda foi quando questionou a ''comunista'' Jussara sobre as invasões de terras e de prédios públicos.
Jussara não titubeou. Para ela, o tom da pergunta denunciou a postura anti-democrática do adversário e dos partidos que ele representa. Afirmou que, “em pleno regime de liberdades democráticas, não são aceitáveis tentativas de criminalização dos movimentos sociais, sejam eles de esquerda ou direita. Para os excessos, há a lei”.
Jussara aproveitou para questionar posicionamentos de Feijó quanto ao fato de se dizer “novo na política” e de não se sentir responsável por atos do seu partido, o PFL. ''O senhor faz parte de um partido, que é de uma coligação, que tem responsabilidades por muita coisa que aconteceu no nosso país. É como diz a sabedoria do povo, quem ajoelhou tem que rezar, por isso o senhor tem que assumir as posições do seu partido''. E acrescentou: ''a tolerância zero de vocês com os movimentos sociais, é a minha tolerância zero com as privatizações, a retirada de direitos dos trabalhadores, as restrições às liberdades democráticas e a estagnação econômica promovida pelo seu projeto neoliberal''.
Um balanço final dos confrontos entre os vices na disputa pelo governo do Rio Grande é o de que ficou explícito que existem dois projetos bastante distintos na eleição. Outro aspecto foi o de que o vice da candidatura Yeda, Paulo Feijó, quase não conseguiu apresentar propostas. Por outro lado, Jussara Cony revelou amplo conhecimento sobre as políticas públicas do Estado e sobre o principal tema em questão na eleição, que é o da retomada do desenvolvimento.
De Porto Alegre
Clomar Porto