El Gringo: do exílio dourado à prisão de Chonchocoro?
Resumido de Juan C. Alfaro*
O atual presidente da Bolívia, Evo Morales, pediu aos Estados Unidos a extradição de um dos seus antecessores. Trata-se de Gonzalo Sánchez de Lozada, que vive luxuosamente em território dos EUA, embora seja acusado pela just
Publicado 22/10/2006 01:15
O 17 de outubro de 2003 ficou marcado na história da Bolívia. Ali findou o governo Sánchez de Loizada, e com ele a etapa neoliberal que sacudiu e empobreceu o país. O então presidente teve de renunciar, face a uma onda de protestos. Ao fugir do palácio presidencial, num helicóptero, deixou um saldo de 60 pessoas mortas pela repressão e mais de 200 feridas.
Duas gestões: uma ruim, outra pior
Três anos depois, a Bolívia de hoje, com Evo Morales à frente, inicia uma mudança que realmente permita um desenvolvimento equitativo. No entanto, os carrascos de 2003 ainda estão soltos, refugiados no paíos que os assessorou em suas políticas neoliberais.
Sánchez de Lozada presidiu a Bolívia por duas vezes, em 1993-1997 e em 2002-2002. No primeiro mandato privatizou a economia boliviana em favor de empresas estrangeiras (em especial americanas), iniciou a destruição da estatal Tacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB), afundou o país na pobreza. No segundo, tentou beneficiar os EUA por meio da venda de gás, o que provocou sua queda.
Não é contra o terorismo?
“Se há nos EUA um governo que luta contra o terrorismo, contra a corrupção e defende os direitos humanos e a democracia, ele deve expulsar o quanto antes o assassino, delinquente e mafioso Gonzalo Sánchez de Lozada”, disse Evo na segunda-feira passada, em El Alto, num ato pelos três anos da revolta popular que derrubou o ex-governante. Ele adiantou que pedirá ao novo embaixador dos EUA em La Paz que seu país não proteja Sánchez de Lozada.
A nova Bolívia quer ver o ex-presidente atrás das grades do presídio de Chonchocoro. Outras acusações dizem respeito a falcatruas na área do petróleo e gás. Por isso se exige a extradição. Por outro lado, o deputado Víctor Mena propôs que as minas Bolívar e Colquiri, propriedades de Sánchez de Lozada, sejam expropriadas. Já o senador Antonio Peredo opinou que elas já são do Estado boliviano, foram apenas arrendadas graciosamente ao ex-presidente.
O silêncio de Washington
Enquanto isso, nos EUA, membros de entidades de defesa dos direitos humanos se manifestaram diante da atual residência do ex-presidente, em 5509 Center Street, Chevy Chase, Maryland. Querem que ele responda perante a justiça boliviana pelos assassinatos de 2003. As entidades trabalham para obter em primeira instância a detenção de Sánchez de Lozada e a seguir sua extradição. E elas próprias, em junto, entregaram em mãos ao ex-presidente os papéis referentes ao processo que corre contra ele, já que as autoridades dos EUA, que receberam a papelada em novembro de 2005, não a entregaram. O senador Patrick Tracy, comunicou a respeito a secretária de Estado, Condolezza Rice.
No entanto, o pedido boliviano não foi respondido. O silêncio permaneceu quando Evo levou o caso aos Países Não-Alinhados (Noal) e à ONU. Enquanto isso, Sánchez de Lozada foi visto em uma recente recepção social em Washington, promovida por um grupo ligado à Universidade de Princeton.
Antes de ser presidente, Gonzalo Sánchez de Lozada foi um “Chicago Boy” (adepto das teorias econômicas ultraliberais da Universidade de Chicago) e um multimilionário do ramo da mineração. Educado nos EUA, era conhecido em seu país como el Gringo, devido ao seu sotaque estrangeiro. Hoje, continua multimilionário, livre e impune, em sua pátria de adoção. Onde deveria estar? Sem dúvidas em Chonchocoro.
* Fonte: http://www.prensamercosur.com.ar