México: Marcha de professores grevistas chega à capital

Um dos estados mais pobres do México, Oaxaca há quatro meses vê uma poderosa mobilização somar-se à vontade de todo o povo de construir um futuro soberano. Uma greve de professores começou em 22 de maio por reivindicações simples: o mesmo salário para tod

O governador Ulises Ruiz, do PRI (partido que apoiou Felipe Calderón nas eleições presidenciais de julho), desencadeou violenta repressão contra os piquetes e barricadas, provocando a morte de grevistas. De imediato, outros sindicatos, organizações indígenas e populares, constituíram, junto com os professores, a Assembléia Popular dos Povos de Oaxaca. Sua exigência central passou a ser a saída do governador.


 


Em 9 de outubro chegou na capital mexicana a marcha da seção 22 do Sindicato Nacional de Trabalhadores em Educação (SNTE) e da Assembléia Popular dos Povos de Oaxaca (APPO). Em média marcharam 2 mil trabalhadores, a maioria professores, percorrendo 500 km em vinte dias. Quando entraram na Cidade do México eram 4 mil manifestantes recebidos com grande entusiasmo.


 


“Não estão sozinhos!”
Os gritos mais ouvidos nas ruas eram: “Não estão sozinhos!” e “Oaxaca não é quartel, fora o exército!”. Na recepção estavam presentes muitas organizações e dirigentes, dentre eles Jesusa Rodríguez, da Convenção Nacional Democrática, Sindicato Mexicano de Eletricitários, outras seções do SNTE e organizações de bairros.


 


Espontaneamente, desde as calçadas, se gritavam palavras de ordem que ligavam a luta do povo de Oaxaca com o movimento encabeçado por López Obrador pelo respeito à soberania do povo mexicano: “Se não houver solução, cai o Calderón!” (o beneficiado pela fraude eleitoral); “Não à imposição, fora Ulises, fora Calderón!”; “Ulises já caiu, o próximo é Calderón!”.


 


Ao mesmo tempo, representantes da seção 22 do SNTE e da APPO negociavam com o secretário do governo federal, Carlos Abascal. Na semana passada, a assembléia da seção 22 do SNTE e a APPO já tinham recusado as propostas do secretário de governo do atual presidente Fox: a) retirar as barricadas da cidade de Oaxaca, entregando os edifícios, veículos oficiais e uma estação de rádio privada em mãos do movimento; b) entrada da polícia federal em Oaxaca, substituindo as polícias estadual e municipal; c) enviar ao Senado a questão da destituição do governador. 


 


Exigências centrais não-atendidas
No momento em que a marcha se dirigia ao Zócalo, as autoridade de governo se comprometiam em libertar três dos quatro presos políticos do movimento: o professor Erangelio Mendoza, ex-secretário geral da seção 22, Germán Mendoz Nube, dirigente da União dos Camponeses Pobres e o biólogo Ramiro Argón. Continuava preso Catarino Torres Pereda, dirigente do Comitê de Defesa Cidadã.


 


As autoridades também se haviam comprometido a retirar de suas funções o secretario geral de governo do Estado de Oaxaca, os chefes das polícias estadual e municipal, o coordenador de segurança cidadã, a procuradora do Estado, o diretor de Educação estadual e outros onze funcionários do setor de educação.


 


Mas não foram objeto de negociação as exigências fundamentais do movimento: a saída do governador Ulises Ruiz, a isonomia salarial dos professores, uniformes e livros para os estudantes.


 


Intensa pressão
Em Oaxaca cresce a pressão contra o movimento. Os dirigentes da APPO denunciam um plano elaborado pelo governador, chamado “Operação Ferro”, para reprimir brutalmente a população. O governo Fox, por seu lado, mantém em alerta 10 mil soldados do exército e da polícia federal (uma grande parte já em Oaxaca).


 


Os grevistas sofrem efeitos desta luta de mais de quatro meses, pois estão há dois meses sem salários e crescem os enfrentamentos com bandos de “cholos” (jovens armados de pistolas que disparam contra as barricadas), além do sobrevôo de helicópteros e a presença crescente de militares no Estado.”


 


É hora da mais ampla solidariedade à luta dos professores e do povo de Oaxaca!


 


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