Norte de Minas poderá virar deserto

A Região Norte de Minas Gerais corre o risco de virar deserto. Com o aumento da temperatura em 0,7 graus nos últimos cem anos e a previsão de elevação do calor entre 1,4 e 5,8 graus até 2106, há o perigo de surgimento de terrenos arenosos e secos em 16% d


    Além de agravar os problemas sociais, o aquecimento traria prejuízos para quase 500 mil produtores rurais mineiros e à economia regional. Essas são algumas das conclusões do relatório Mudanças do Clima, Mudanças de Vida, elaborado por cientistas do Greenpeace.


 


    “Se a temperatura subir mais dois graus, as conseqüências já serão gravíssimas. Há possibilidades de ocorrerem furacões, enchentes, secas e elevação do nível do mar, principalmente na parte do litoral brasileiro que vai do Rio de Janeiro até o Rio Grande do Sul. Em Minas Gerais, a área imprópria para o plantio pode praticamente dobrar”, alerta o coordenador da campanha Clima e Energia do Greenpeace, Guilherme Leonardi, que está sendo divulgada em Belo Horizonte.


 


    Como o aumento da temperatura altera o regime de chuva, provocando um processo de desertificação e baixíssimos índices pluviométricos, conforme Leonardi explica, o cultivo de café, por exemplo, teria que ser deslocado da Região Sul de Minas Gerais para áreas de clima mais ameno, como Santa Catarina e Rio Grande do Sul. “Com um aumento de um grau na temperatura e 15% na quantidade de chuvas, o total da área imprópria para o cultivo irrigado de café passaria de 24% para 43%”, adverte.


 


    Já as culturas de arroz, feijão, milho e soja podem migrar para o Centro Oeste e para o Norte do país, invadindo áreas de Cerrado e floresta nativa. “O processo de degradação é irreversível para as próximas décadas. Mas é preciso reduzir as emissões de gases poluentes – que atualmente só crescem – para que as temperaturas pelo menos parem de subir”, alerta. Hoje, no Brasil, 75% das emissões de gases causadores do efeito estufa vêm do desmatamento e das queimadas.
“Todo mundo pode ajudar a esfriar o planeta. Não desperdiçar água, deixar o carro na garagem sempre que possível e economizar energia elétrica são atitudes que todos podem tomar”, aconselha o coordenador. A campanha, que inclui uma exposição fotográfica com 28 painéis e um passeio por um túnel das sensações de mudanças climáticas, fica na Avenida Álvares Cabral, 1.600, até domingo. A entrada é gratuita. Mais de 14 mil pessoas já visitaram a mostra em Brasília, São Paulo, Florianópolis, Porto Alegre e Rio de Janeiro. A próxima parada é Salvador.


 


Fonte: Jornal Hoje em Dia