Para Marco Aurélio, caso do dossiê ''não cola no Lula''
''Isso não cola no Lula'', garantiu nesta quinta-feira (21), em sua primeira coletiva como coordenador da campanha pela reeleição, o vice-presidente do PT, Marco Aurélio Garcia, sobre as tentativas de implicar o presidente da República com o caso do Dossi
Publicado 21/09/2006 14:16
''Isso não cola no Lula, nem no PT. Toda medição que temos indica que não vai ter impacto. O eleitorado brasileiro é maduro e repudia esse episódio como nós repudiamos'', afirmou o novo coordenador, que assumiu a função nesta quarta-feira (20). Pesquisas qualitativas feitas pela equipe da campanha de Lula confirmam o diagnóstico: elas indicam que um terço do eleitorado compra a versão oposicionista-midiática sobre o episódio; porém outro terço permanece reticente, enquanto o terço restante questiona por que não se divulga o conteúdo das denúncias do dossiê.
“Seria uma estupidez extraordinária”…
''O eleitorado brasileiro é maduro. O eleitorado brasileiro está repudiando, como nós estamos repudiando isso. Ele identifica em nós o mesmo mal estar que ele tem em relação a essas questões. E ele está preocupado fundamentalmente com uma coisa, que é oferecer ao Brasil uma proposta consistente para o segundo mandato. E isso nós estamos fazendo'', disse Marco Aurélio.
E acrescentou, repetindo as palabvras do Presidente Lula no Bom Dia, Brasil da TV Globo: ''Para uma candidatura que está tranqüilamente colocada nas pesquisas, em todas as pesquisas, seria uma estupidez extraordinária que nós tomássemos a iniciativa de realizar uma operação tão atrapalhada como essa que pudesse significar qualquer prejuízo em relação à trajetória vitoriosa do candidato Luiz Inácio Lula da Silva. Nós acreditamos que esse efeito não se produzirá''.
''Repudiamos essa operação''
Marco Aurélio afinou suas declarações pela entrevista ao vivo com Lula, exibida pouco antes pela Rede Globo. Foi severo na condenação dos envolvidos na tentativa de compra do Dossiê Serra.
''Nós repudiamos essa operação que algumas pessoas tentaram levar adiante. O PT não fez nenhuma iniciativa, mas hoje é de caráter público que pessoas estão envolvidas nessa operação. O PT não paga por dossiê, não atua nessa direção. As pessoas que fizeram isso foi à revelia do partido e trouxeram prejuízos extraordinários do ponto de vista político'', disse. Considerou, porém, que ''''são fatos que correm marginalmente à coordenação da campanha''.
Sobre Berzoini: ''Vou votar nele''
O novo coordenador isentou seu antecessor de qualquer participação no episódio. ''O Berzoini saiu porque seria muito difícil compatibilizar a coordenação da campanha com os acontecimentos dos últimos dias. Isso não implica em qualquer suspicácia com relação a Berzoini. Ele continua na presidência do PT e tem não só o meu apreço coletivo, como pessoal e isso se refletirá no dia primeiro de outubro quando vou votar nele para deputado federal'', disse.
“A tarefa que eu tenho nesses dez dias é dar prosseguimento ao trabalho que foi realizado por Ricardo Berzoini e levar nosso candidato à vitória no dia 1° de outubro”, disse Garcia. Ele informou que a campanha de Lula vai se concentrar nas regiões Sul e Centro-Sul, sendo encerrada com um grande comício em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista. Berço político de Lula, São Bernardo foi o cenário do primeiro comício de Lula numa eleição presidencial, em 1989.
Sobre seu xará do TSE: ''Impressionista''
Os jornalistas perguntaram vem o dinheiro: ''Esta pergunta deve ser encaminhada à PF, que é quem vai esclarecer de onde veio o conteúdo do dossiê e tudo mais'', respondeu o coordenador. Na sexta-feira passada a PF encontrou R$ 1,7 milhão na posse de duas pessoas ligadas ao PT.
Marco Aurélio Garcia criticou a comparação de Marco Aurélio Mello, presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), entre o caso do dossiê e o Escândalo Watergate, nos EUA, que derrubou Richard Nixon nos anos 70: ''Não cabe a qualquer um dos poderes dar esse tipo de depoimento, esse tipo de declaração qualitativa. Foi uma declaração impressionista. No mínimo, exagerada. Para não dizer que tem conotação partidária'', avaliou.
Com agências