UNEGRO e a política em Santa Catarina
“A UNEGRO, nesta eleição tem um posicionamento que o nosso apoio tem que partir de pessoas que são comprometidas com a luta anti-racista”, afirma Estela Maris Cardoso, pedagoga e dirigente Nacional da União de Negros pela Igualdade.
Publicado 03/09/2006 02:21 | Editado 04/03/2020 17:15
Em Santa Catarina A UNEGRO está organizada há doze anos. Busca trabalhar questões ligadas à juventude, educação e cultura. As atividades são desenvolvidas com a juventude, mulheres e professoras da rede municipal e estadual, com o objetivo de levar a luta anti-racista e esclarecimentos sobre a questão de gênero.
A população negra apresenta anemia falciforme, os maiores indicadores do alcoolismo e drogas, problemas freqüentemente enfrentados pela juventude negra. Por esses motivos, a população negra precisa de atenção apropriada. No que diz respeito a educação a UNEGRO desenvolve trabalhos dentro da perspectiva da Lei 10.639, que inclui a história da África e do negro na sociedade brasileira.Trabalham com o objetivo de mostrar que a sociedade é racista, que a escola também é racista e, através dos seus vários mecanismos, permeia o racismo. Segundo a dirigente, “o racismo está no livro didático, na literatura, onde a presença do negro é demonstrada de forma positiva é pouco colocada e também se percebe o estereótipo, aparecendo de forma negativa, subalterna ou em terceira pessoa”, ressalta Cardoso.
A UNEGRO tem a preocupação de discutir a questão da cota racial, pois, para a entidade é uma ação preciso, mas positiva, por que possibilita que os jovens negros tenham acesso a universidade. A presença desses jovens dentro da universidade é mínima e a cota é uma forma de dar oportunidade. A maioria dos jovens negros são pobres, vivem nas periferias e não temo direito à universidade. De forma desigual, concorrem aos vestibulares e não possuem e mesma estrutura de um jovem de classe média, como mais tempo para estudar e condições de pagar um curso preparatório pré-vestibular. Precisam trabalhar o dia todo, além de estudar, e poucos tem acesso ao vestibular. “Os jovens negros concluem o Ensino Fundamental e Médio com um ou dois anos a mais do que o jovem branco de escola pública. Os estudantes que são beneficiados pelo sistema de cotas têm demonstrado as melhores notas. É uma questão pontual, mas necessária para a juventude negra que está concluindo o segundo grau com dificuldades”, comenta.
UNEGRO E AS ELEIÇÕES
A UNEGRO, na sua plenária nacional em Pernambuco aderiu a campanha de apoio à Lula para reeleição, porque compreendemos que avançamos com a Secretaria de Formação da Igualdade e em outros segmentos, levando o recorte racial, acreditamos que várias ações pontuais do governo contribuíram para o desenvolvimento da população negra. Temos muitas coisas para rever em função que a nossa história tem mais de quinhentos anos de exploração e exclusão. Compreendemos que este governo teve grandes avanços e precisamos de mais avanços. Diferente de Alkimin e do PSDB, que já mostraram para que vieram. Nesse governo neoliberal a população negra não está encaixada, a população mais necessitada e excluída não faz parte do seu plano de governo. No que se refere ao governo estadual, não podemos fugir da realidade, temos aí Fritsch para governador, Luci, uma mulher e compreendemos este processo. Estamos trabalhando com a construção da candidatura do Tiago Andrino, que é uma candidatura nova, e estar junto com os militantes do movimento negro e as comunidades.
A UNEGRO nesta eleição tem um posicionamento que o nosso apoio tem que partir de pessoas que são comprometidas com a luta anti-racista, pois todos os membros da entidade que acreditam que a luta passa por toda a sociedade brasileira. A entidade não tem uma indicação, mas a militância teve a experiência com o mandato da Ângela Albino, como vereadora em Florianópolis, comprometida com a luta anti-racista e a gente credita que ela vai levar esta luta para Assembléia Legislativa. Nós compreendemos que esta não é uma ação só a UNEGRO. A sociedade florianopolitana está vendo, nessa candidatura, uma nova perspectiva. Aos poucos a militância negra e até aqueles que não tem uma atuação direta com o movimento negro percebem essa luta de Ângela Albino. Já tivemos a experiência na câmara de vereadores com ela, onde fizemos várias parcerias como a Secretaria de Formação da Igualdade Racial para fortalecer a implementação da Lei 10.639 e viabilizar projetos onde inclua o jovem negro, que contribuam para o emprego etc
“Temos uma porcentagem de negros que, referente a outros estados é pequena, mas, principalmente em Florianópolis, há uma concentração grande da população negra. Não é por que o índice é pequeno que nós vamos deixar de lutar por nossos direitos”, conclui.
Contatos com a UNEGRO: Estela Maris Cardoso (48)84293838 – negritar46@hotmail.com
Por Vandreza Amante