Venezuela põe em dúvida acordo antidrogas com os EUA
O governo da Venezuela informou nesta segunda-feira (21/8) que talvez não assine um novo acordo de combate às drogas com os Estados Unidos, em retaliação à nomeação por Washington de um novo funcionário para coordenar as ações norte-americanas de inteligê
Publicado 22/08/2006 08:47
Estava previsto que em julho os dois países retomariam a colaboração antidrogas, já que o presidente Hugo Chávez rompeu com a DEA (órgão antinarcóticos dos EUA), acusando-a de espionagem.
“Seria preciso analisar bem agora, depois das últimas declarações dos Estados Unidos, se é conveniente ou não firmar esse convênio”, disse o ministro do Interior, Jesse Chacon. A assinatura do acordo foi adiada várias vezes, embora funcionários venezuelanos digam que houve consenso a respeito de aspectos técnicos da cooperação.
“Temos de repensar se a presença desses funcionários (da DEA) aqui será destinada ao tema da droga ou ao tema político”, disse o ministro, segundo quem a decisão será tomada pela chancelaria e pelo presidente.
Relações conturbadas
Chávez ironizou na sexta-feira a nomeação de Jack Patrick Maher para a coordenação de inteligência sobre Cuba e Venezuela. O presidente chamou Maher de “Jack, o Estripador”. Segundo Chacón, a indicação é parte dos esforços de Washington para influenciar nas eleições venezuelanas “pela via democrática ou pela violência”.
O ministro esclareceu que as recentes declarações de Chávez sobre a expulsão de quatro supostos espiões norte-americanos se referiam a casos ocorridos meses atrás. “A declaração do presidente é que ao longo desse tempo foram descobertos quatro espiões, os quais foram saindo para os EUA. O último foi o adido naval da embaixada”, afirmou Chacón.
Em fevereiro, Chávez expulsou do país o capitão norte-americano Jack Correa. Washington retaliou no dia seguinte, expulsando uma diplomata de carreira. No ano passado, o governo venezuelano já havia retirado instrutores militares norte-americanos, alegando que eles faziam campanha contra Chávez. Pouco depois, com os mesmos argumentos, Caracas rompeu com a DEA.