Campanhas eleitorais entram em fase decisiva

A campanha eleitoral entra em sua fase decisiva a partir desta terça-feira (15/8), com o início da propaganda eleitoral gratuita, no rádio e na TV. Governo e oposição entendem que a exposição na televisão será decisiva e deixam de lado outras atividade

Novos ataques do crime organizado em São Paulo e o episódio do seqüestro de equipe da TV Globo, no final de semana, atribuído a supostos integrantes do PCC, devem trazer para a pauta de discussão a questão da segurança pública.


 


O presidente e candidato à reeleição, Luiz Inácio Lula da Silva, inclui o assunto na reunião desta segunda-feira do Conselho Político. A avaliação do governo é de que os atentados preocupam muito os órgãos de segurança.



 
Embora oficialmente o caso seja considerado da competência da polícia civil, o Ministério da Justiça colocou o aparato da Polícia Federal e da Divisão Anti-Seqüestro à disposição do governador de São Paulo, Cláudio Lembo, para rastrear as ações do PCC no Estado. O Palácio do Planalto e dos Bandeirantes querem evitar que a ação do crime organizado seja um instrumento na disputa eleitoral, polarizada entre Lula e o candidato da coligação PSDB-PFL e ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.



 
Cenário de campanha



 
A leitura do Palácio do Planalto sobre os últimos atentados atribuídos ao PCC é que o problema escapou da esfera criminal. Foi politizado e adquiriu contornos mais preocupantes, principalmente às vésperas das eleições presidenciais. Oficialmente, no entanto, as declarações são extremamente cautelosas. ''Há empenho total do governo para ajudar nas investigações e solucionar o caso'', disse o chefe de gabinete do presidente, Gilberto Carvalho, restringindo o episódio ao seqüestro do jornalista.



 
Este é o cenário com o qual os candidatos se apresentam no primeiro dia da propagando eleitoral gratuita no rádio e televisão. Até o dia 28 de setembro, com duas inserções às terças, quintas e sábados, os dois principais candidatos – Lula e Geraldo Alckmin – vão adaptando os programas às exigências de campanha. Para este primeiro dia, no entanto, nenhuma surpresa é esperada. Os candidatos querem mostrar um programa de apresentação de suas candidaturas aos eleitores.



 
Menos Lula, já conhecido e com reeleição praticamente garantida, como sugerem as pesquisas de intenção de voto que o colocam com 47% na preferência dos entrevistados.


 


A candidata do PSOL, Heloisa Helena, também quer se mostrar à população e tem um objetivo ambicioso: tirar votos de Lula e de Alckmin e se tornar a zebra do segundo turno.


 


O candidato do PDT, Cristovam Buarque, segue no ritmo do discurso propositivo em favor de avanços da educação no País.



 
Sem confrontos



 
O presidente Lula quer fazer uma campanha sem citar seus concorrentes. Ele quer focar as ações do seu governo, os bons resultados obtidos e as possibilidades de consolidar e avançar em novas conquistas para a população.


 


Alckmin, que tem mais tempo no programa eleitoral, pretende se apresentar como homem correto e eficiente. O candidato da oposição quer estabelecer o elo entre os casos de corrupção e o Planalto, mas sem confronto direto e imediato com Lula. Está resistindo às pressões do comando da campanha, principalmente dos PFL, que quer ataques diretos à Lula.



 
Enquanto isso, Lula mantém a crise ética isolada no Congresso, como fez no fim de semana. Em discurso, em Salvador, disse que a impunidade é para proteger a classe política do arbítrio e não ''para proteger da safadeza''. O Planalto aposta na blindagem do presidente e na fragilidade da campanha do candidato tucano e acha que a questão ética ''não vai colar''.
 
Sem empolgação
 
O comando da campanha tucana está preocupado porque, apesar de ter um candidato com forte apoio político, falta empolgação. O estado de desânimo que voltou a contaminar a campanha é atribuído à personalidade do próprio candidato, considerado pouco flexível a idéias novas.


 


As queixas são dos dois lados. Afinal, Alckmin também se queixa nos bastidores que ninguém sai em sua defesa. O presidente do partido, Tasso Jereissati, minimiza essas situações e afirma que a propaganda eleitoral vai motivar a campanha.


 


Durante a semana, a agenda política do presidente-candidato Lula prevê encontros temáticos. Nesta terça, ele participa, à noite, de encontro suprapartidário de prefeitos da região em Montes Claros (MG). Na quarta-feira (16/8), ele tem encontro, no final da tarde, com educadores em Brasília.


 


Na quinta-feira, (17/8), participa de comício em Criciúma (SC). E na sexta-feira (18/8), no Clube Juventus, em São Paulo, terá encontro com cerca de cinco mil sindicalistas de várias entidades, como CUT e CGT. No sábado (19/8), ele se reúne com sindicalistas aposentados, também em São Paulo. E participa de dois comícios, em São Paulo e Diadema (SP).


 


O comando da campanha do presidente mandou confeccionar 500 mil faixas com o slogan ''Lula de novo. Com a força do povo'' para afixar nos ''comitês populares'' que serão abertos no País. No domingo (20/8), está previsto um comício em Guarulhos (SP).


 


A agenda de Alckmin ainda está em aberto com a possibilidade de uma visita a cidade de Palmas (TO), na sexta-feira.


 


Com agências