Violência e insegurança voltam a crescer no Haiti
Pelo menos 20 pessoas morreram nos últimos dias, incluindo crianças, no conflito entre grupos armados no bairro de Martissant, no sul de Porto Príncipe, capital haitiana, de acordo com novo boletim da Missão das Nações Unidas no país.
Publicado 10/08/2006 10:11
Apesar da relativa calma na transição política, a violência e a insegurança continuam aumentando nas ruas do país mais pobre da América Latina, após alguns meses de tranqüilidade em virtude da realização das últimas eleições, em fevereiro deste ano.
Dados não oficias apontam que, ao longo do último ano, 43 cidadãos norte-americanos foram seqüestrados no Haiti. Os epicentros da violência são principalmente os bairros de Cité Soleil e Cité Militaire, assim como Martissant, onde há duas semanas morreram as 20 pessoas e três “capacetes azuis” da ONU ficaram feridos por tiros em enfrentamentos entre grupos armados rivais.
O secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, viajou ao Haiti, na semana passada, onde conversou com o presidente René Preval. Também se reuniu com comandantes da Missão de Estabilização das Nações Unidas no Haiti (MINUSTAH) e visitou a Academia Nacional de Polícia haitiana, bem como uma unidade hospitalar para crianças, apoiada pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).
Esforço maior
Annan advertiu que os problemas do país são de tal magnitude que requerem um esforço dos doadores internacionais para apoiar as novas autoridades em sua luta contra a pobreza, o crime e a insegurança. Ele chamou a atenção sobre a persistência da insegurança, em especial na capital, onde aumentaram os seqüestros por parte de grupos armados depois de uma regressão em 2005. O tráfico ilegal de drogas e armas se mantém como um problema importante e tem levado alguns grupos da sociedade civil a criticar tanto o governo como a MINUSTAH por sua aparente falta de respostas adequadas.
Informes sobre o impacto das transferências de armas para o Haiti, República Democrática do Congo e Serra Leoa, publicados pela campanha Armas sob Controle (Oxfam Internacional, Anistia Internacional e a Rede Internacional de Ação sobre Armas Pequenas) observam que, este ano, os governos devem dar o impulso inicial para as negociações em torno de um Tratado sobre Comércio de Armas, de caráter internacional.
Annan pediu que o Conselho de Segurança da ONU prolongue o mandato da Minustah. Em seu último relatório ao Conselho de Segurança da ONU, ele recomendou manter no Haiti o mesmo nível de tropas da missão de estabilização, que conta atualmente com sete mil efetivos, apesar das eleições bem-sucedidas. A razão é a insegurança ainda vivida pelo país caribenho, especialmente devido ao aumento da criminalidade relacionada ao tráfico de drogas e de armas.