Vargas Llosa ''sataniza'' causa indígena, diz Evo Morales

O presidente da Bolívia, Evo Morales, criticou nesta quinta-feira (10/8) o escritor peruano Mario Vargas Llosa, a quem acusou de ''satanizar'' a causa indígena e de escrever em favor da opressão dos povos. As opiniões de Evo foram feitas na inauguração

O governante boliviano disse que sentia ''tristeza'' pelo que leu de Vargas Llosa – e deu como exemplo um artigo publicado em janeiro. ''Por pouco não disse que sou selvagem, retrógrado, populista, que os indígenas não sabem nada sobre a realidade econômica, social ou política'', reclamou. Antes de mencionar o autor, disse que tinha lido ''alguns livros, editoriais e artigos que permanentemente 'satanizam' e penalizam'' os índios.


 


No artigo, o escritor peruano afirma que Evo ''é o emblemático 'criollo' latino-americano, esperto, matreiro, e com uma vasta experiência de manipulador de homens e mulheres, adquirida em sua longa trajetória de dirigente cocaleiro e membro da aristocracia sindical''.


 


Para o chefe do Estado boliviano, há dois tipos de escritores: ''os que escrevem pela libertação dos povos e os que escrevem para oprimir e para submeter''. Ele também disse disse que lê quando pode, tanto livros bons quanto ruins, mas que prefere os livros de seus críticos. ''É para saber por que o desprezo, se existe um motivo, ou se é só por ódio''.


 


Evo compartilhou a preocupação dos escritores e os editores com as cópias ilegais. Na opinião dele, a ilegalidade é como a de alguns intelectuais, que ouvem as idéias de dirigentes indígenas e camponeses, ''e as põem num livro como uma grande iniciativa própria''.


 


Em seu discurso, reconheceu que lê pouco, mas incentivou a população a se superar para aproveitar o conhecimento dos livros. ''Estou convencido de que a leitura é importantíssima'', disse, ao propor que, ''todo dia, pelo menos meia hora'', seja dedicada à leitura para elevar os conhecimentos.


 


Destacou os primeiros resultados do programa de alfabetização iniciado há quatro meses por seu governo, com ajuda de Cuba e da Venezuela. Até quarta-feira (9), segundo Evo, mais de 6 mil adultos aprenderam a ler e escrever dentro do programa. Mais 170 mil estão atualmente nas centenas de centros de capacitação instalados no país.