Ausência de Serra esfria debate em São Paulo
A ausência do candidato José Serra (PSDB-PFL) foi o principal fator de esfriamento do primeiro debate entre candidatos ao governo de São Paulo, promovido na noite desta quarta-feira (9) pela TV Gazeta. Um emocionante final da Libertadores da Amér
Publicado 10/08/2006 10:44
Serra escolheu a posição clássica dos favoritos nas pesquisas: não ir a debates, pelo menos no primeiro turno, para administrar a vantagem e evitar surpresas. Pesquisa do instituto Datafolha divulgada logo antes do debate, atribue-lhe 49% das intenções de voto (em julho, 48%). O senador Aloizio Mercadante (PT-PCdoB) tem 17% (15% em julho) e o ex-governador Orestes Quércia (PMDB) 10% (11% em julho).
Além de Mercadante e Quércia, participaram do debate da TV Gazeta Carlos Apolinário (PDT), Mário Luiz Guide (PSB), Cláudio de Mauro (PV), Plínio de Arruda Sampaio (PSOL) e Eder Xavier (PTC), os dois últimos amparados em recurso ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral), pois sua presença não estava prevista inicialmente. Serra, ausente, foi o mais atacado: ''Está achando que já ganhou'', disse Apolinário (PDT). Mas o debate não incluiu maiores surpresas.
Mercadante tira lições de 2002
No discurso e no comportamento de Mercadante, porém, há a convicção de que a eleição de São Paulo está longe de estar decidida. O candidato cita que na sua campanha de 2002, para o Senado, em diversos momentos esteve atrás do conservador Romeu Tuma (PTB), mas insistiu na campanha de rua e, quando chegou o horário eleitoral na TV, cresceu para os 10,5 milhões de votos que obteve em outubro.
No debate, Mercadante insistiu que ''chegou a hora de mudar São Paulo, para melhor'', denunciou o apagão da segurança pública e se propôs a ''investir na educação como prioridade das prioridades''. Na campanha, desdobra-se numa agenda cheia e concorrida, que começou a dividir com sua vice, Nádia Campeão (PCdoB), na capital, Grande São Paulo e interior (onde subiu 4 pontos segundo o Datafolha).
Durante o confronto entre os candidatos manteve-se o acordo tácito entre Mercadante e Quércia, visando forçar o segundo turno. O ex-governador peemedebista mantém-se neutro na disputa presidencial e chegou a fustigar o governo Lula, porém mantendo o centro do ataque nos 12 anos de governo estadual do PSDB-PFL. O objetivo é fazer Serra baixar para 50% menos um dos votos válidos. O ex-prefeito tucano tem uma trajetória geral declinante nas pesquisas; no Datafolha, aparecia com 59% em abril. Se perder outro tanto ao longo do horário eleitoral, estará aberto o caminho para o segundo turno.
Em favor de Mercadante, atua o fator Lula, que o candidato ao governo destaca sempre. E também o favoritismo de Eduardo Suplicy na disputa da cadeira paulista no Senado. Segundo o Datafolha, Suplicy está com 35% das intenções de voto (em julho, 37%), enquanto o segundo colocado, Guilherme Afif (PFL) tem 3% (4% em julho).
Bernardo Joffily,
de São Paulo