Petrobras rejeita denúncias sobre irregularidades na Bolívia
A Petrobras classificou como “infundadas” as denúncias do Governo da Bolívia sobre a existência de um “pacto secreto” entre a companhia e a hispano-argentina Repsol YPF para descumprir o acordo de venda de gás boliviano ao Brasil.
Publicado 05/08/2006 20:33
“A Petrobras afirma que são infundadas as denúncias envolvendo ex-executivos da companhia sobre supostas irregularidades em um contrato de venda de gás ao Brasil”, informou a companhia em nota.
A empresa “esclarece que tanto no Brasil quanto no exterior suas atividades são exercidas dentro das normas legais vigentes em cada país onde atua, de acordo com sua política de transparência e de responsabilidade social”, ainda segundo o comunicado.
Hoje, o ministro dos Hidrocarbonetos da Bolívia, Andrés Soliz Rada, afirmou em entrevista coletiva no Palácio do Governo do país andino que existia um acordo entre Petrobras e Repsol. O “pacto secreto” estaria impedindo a aplicação de uma fórmula para reajustar periodicamente o preço do hidrocarboneto que a Bolívia exporta ao Brasil, como estipulava o contrato vigente entre as duas nações.
“A fórmula não era aplicada, e era colocado um preço estável. Por isso o país e a empresa Andina deixaram de receber US$ 160 milhões”, disse Soliz, em menção à empresa Andina, que tem a Repsol YPF como sócia majoritária e uma das fornecedoras de gás ao Brasil.
O caso foi denunciado à Promotoria do Distrito de Santa Cruz, sede das duas petrolíferas estrangeiras, no último dia 26 por Gabriel Camacho, diretor designado pela YPFB para a Andina, nacionalizada pelo Governo de Evo Morales.
Segundo Soliz, Camacho fez a denúncia depois que soube que as duas empresas “pretendiam fazer uma regra para encerrar” esse contrato complementar ao convênio de compra e venda entre Bolívia e Brasil e não deram importância a suas reivindicações.
“Graças à coragem deste diretor, o país e o Ministério tomaram conhecimento desta tremenda irregularidade das duas empresas que vendem (gás) entre si a um preço diferente do estipulado pelos convênios internacionais (entre Bolívia e Brasil)”, acrescentou.
Os denunciados são o espanhol José María Moreno, ex-executivo principal da Repsol YPF na Bolívia, e os brasileiros Antonio Luiz Silva de Menezes e Luis Rodolfo Landim Machado, ex-funcionários da Petrobras.
A companhia brasileira alega que os preços são ajustados a cada quatro anos tendo como base um contrato que vence em 2019, e de acordo com parâmetros fixos. A Bolívia, por sua vez, quer elevar o valor do produto, em comparação com os preços internacionais.
Segundo o contrato, a Bolívia vende 26 milhões de metros cúbicos de gás por dia ao Brasil, a um preço de US$ 3,4 por BTU (Unidade Térmica Britânica). O Governo boliviano pretende elevar esse valor para cerca de US$ 7 por milhão de BTU, segundo a Petrobras.
Fonte: EFE