Evo Morales lança “revolução agrária” na Bolívia
O presidente da Bolívia, Evo Morales, entregou centenas de títulos de terras estatais a agricultores nesta quarta-feira (2/8), como parte de sua política de reforma agrária. Durante a cerimônia, ele prometeu redistribuir 200 mil quilômetros quadrados de t
Publicado 03/08/2006 09:31
Na cidade de Ucureña, em Cochabamba, o presidente também distribuiu tratores doados pela Venezuela e disse que pressionará o Congresso para aprovar uma proposta que permita a redistribuição de algumas áreas privadas, acabando assim com muitos latifúndios.
“As terras improdutivas no leste da Bolívia, gerenciadas por interesses políticos e famílias poderosas, precisam ser devolvidas ao Estado boliviano para que possam ser redistribuídas”, disse o presidente.
As metas de Morales
Somente nesta quarta-feira, foram entregues 2.301 títulos de propriedade agrária para famílias pobres. Até o final do ano, o governo estima que serão entregues cerca de 20 mil. A meta de Morales é chegar a 2011 com o processo de reforma agrária finalizado, permitindo que todos os proprietários de terras no país obtenham igualdade jurídica.
Além da entrega de terras, o governo já colocou em ação um programa de crédito facilitado, que até o final de 2006 atenderá cerca de 80 mil famílias. Será criado também um programa para ajudar os trabalhadores rurais a vender seus produtos para o restante do país e até mesmo para outras nações.
Disparidade
Em meados da década de 90, lideranças indígenas e de trabalhadores rurais conseguiram aprovar no país a Lei Nacional de Reforma Agrária, mas os resultados obtidos até o momentos mal saíram do papel.
De acordo com números divulgados por movimentos sociais do país, a prometida reforma agrária não atingiu sequer 15% das metas estabelecidas há cerca de dez anos.
Os números mostram também a disparidade da distribuição de terra na Bolívia: ao longo dos últimos 50 anos, fazendeiros ligados aos tradicionais políticos do país receberam do governo cerca de 32 milhões de hectares de terra, enquanto trabalhadores e camponeses obtiveram apenas 4 milhões de hectares.