PC do Líbano: Condoleezza prepara caminho para as transnacionais
O Partido Comunista do Líbano publicou, no último sábado (22/7) uma nota condenando a “criminosa agressão israelense contra o país” e a administração americana, que pretende elaborar um plano de domínio econômico sobre o que restar de pé após o encerra
Publicado 25/07/2006 09:42
“Enquanto Israel prossegue sua agressão generalizada contra o povo libanês e intensificam-se os bombardeios contra as mídias e as telecomunicações do Líbano, a fim de impedir o mundo de acompanhar os crimes de toda espécie cometidos contra o nosso povo, anuncia-se que o “Core Group”, que elaborará um plano de domínio econômico sobre o Líbano (por intermédio do Banco Mundial e do FMI), irá realizar em Roma, em 26 de julho, um congresso para discutir muitas das questões que nos afetam. Estas questões vão desde o cessar fogo ou, antes, as consequências da escala militar israelense, até às medidas para um “novo Oriente Médio” que se veria nascer no sangue libanês e palestino, conforme disse Condoleezza Rice em Washington.
Duas delas: a aplicação da resolução 1559 que estipula, como sabemos, o desarmamento da zona fronteiriça libanesa numa profundidade de 20 quilômetros, a renúncia a Chebaa e às alturas de Kfarchouba que pairam sobre os cursos de água essenciais no sul libanês cobiçados por Israel e, bem entendido, a normalização das relações entre Israel e o governo libanês que Condoleezza qualifica de “jovem governo democrático tendo necessidade de ser ajudado” a fim de virar sem transtorno para a política do Oriente Médio made in USA.
Quais são os elementos desta política?
Já sabemos que os Estados Unidos de George W. Bush fracassaram na sua política de “pacificação” do Iraque, política que em certos pontos lembra aquela dos seus ancestrais nas regiões índias da América . Também sabemos que a atual administração americana tem necessidade de uma “vitória” (mesmo de Pirro) antes de novembro, data da abertura da campanha presidencial.
Este fracasso e a vontade de saírem não poderiam verificar-se senão através de fortes promessas, a saber: nós somos os únicos capazes de “conter o terrorismo tanto xiita como sunita” que perfila e na Palestina e no Líbano e podemos prometer novos lucros às transnacionais das armas e do petróleo em recompensa pela sua ajuda a Israel e de uma nova ajuda possível aos amigos de Bush na nova campanha eleitoral.
Nestes objetivos, os Estados Unidos e Israel utilizam o alinhamento de certos governos europeus que, longe de estigmatizar os massacres dos dois povos, libanês e palestino, tornam-se a voz do mestre americano e antecipam-se aos seus desejos preparando-lhe toda espécie de projectos de resoluções e de planos para contrapor-se a toda possibilidade de um cessar fogo imediato, uma vez que Condoleeza Rice havia prometido a Ehoud Olmert e seus generais ajudá-los por todos os meios a fim de suprimir na base definitivamente as causas da guerra: o Hezbolá e toda resistência armada ou outra no Grande Médio Oriente.
Quanto àqueles que recusam estes objectivos, são taxados de anti-semitismo, mesmo que alguns dentre eles sejam judeus!
A solidariedade internacional
Em oposição a esta política de agressão e aos diktats de Condoleezza, os povos protestam e manifestam sua cólera face ao genocídio dos libaneses e dos palestinos, sobretudo porque a resistência nestes países está dentro do direito que lhe concedem os acordos de Genebra e as convenções internacionais. Os resistentes defendem seu país contra uma agressão estrangeira. São os israelenses que agridem o Líbano. São suas tropas que tentam introduzir-se no sul do país. São seus aviões que bombardeiam objectivos civis (população e infraestruturas). São suas mídias que falam em destruir nosso país e incitam seu povo a não se manifestar contra os massacres porque é uma “guerra entre duas civilizações” que deve terminar pela morte do “fraco”, ou seja, os povos árabes.
O Grande Oriente Médio merece bem “sacrifícios” no altar do deus Dinheiro, devem pensar Bush e sua equipe e seus amigos israelenses. Entretanto, asseguramos que não lhes permitiremos que nos transformem em oferendas. Aqueles que lerem bem a história do Líbano sabem que todos os agressores, desde Alexandre o Grande, partiram os dentes sobre os nossos rochedos. E Israel já sabe alguma coisa desde 1982 e mesmo bem antes desta data. Sabe também que não poderá tirar nenhum lucro nem dos “seus” amigos de longa data nem daqueles que se lhes juntaram ultimamente.
Beirute, sábado 22 de Julho de 2006″.
O original encontra-se em http://www.lcparty.org/230706_8.html