Mantega revela planos para criar Banco do Mercosul

O ministro da Fazenda Guido Mantega afirmou na noite desta segunda-feira (24/7) que o Brasil apóia a criação de um banco ou de uma agência para financiar as obras de infra-estrutura necessárias ao Mercosul.

Durante a 30ª Reunião de Cúpula do Mercosul, em Córdoba, na semana passada, a ministra da Fazenda da Argentina Felisa Miceli fez a sugestão a Mantega. Naquele momento, ele não se mostrou simpático à idéia. Mas nesta segunda-feira, após nova reunião com Miceli, ele informou que há planos para formar um banco ou agência que uniria recursos de diferentes fontes, como o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), o CAF (Cooperação Andina de Fomento) e o Fonplata, entre outros organismos já existentes com o mesmo objetivo de financiar obras.



O ministro não disse quando e quanto terá esse novo banco regional. “As atividades do Mercosul estão crescendo, com construções de estradas, pontes de gasodutos e realmente é necessário contar com um banco ou agência de financiamento”, afirmou.



Moeda única



No encontro entre os ministros do Brasil e da Argentina, nesta segunda-feira, em Buenos Aires, eles voltaram a discutir, com mais detalhes, questões que foram tratadas durante a reunião em Córdoba. Segundo Mantega, a eliminação do dólar nas transações comerciais entre os sócios do Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Venezuela) já está sendo analisada pelos presidentes dos bancos centrais brasileiro e argentino.



A idéia seria incluir os outros países, depois que a medida seja implementada por Brasil e Argentina. “Nossas moedas serão valorizadas quando começarmos a usá-las para transações comerciais dentro do bloco”, disse.



De acordo com o ministro, essa medida, que ainda não tem data para ser implementada, será um passo importante para a criação da moeda única do Mercosul. “Não é uma operação fácil, mas para nós, no Brasil, por exemplo, teria a vantagem de reduzir a entrada de dólares no nosso mercado”, disse.



FMI



Mantega afirmou também que os países do Mercosul estudam pedir ao Fundo Monetário Internacional (FMI) uma espécie de linha de crédito especial, que seria utilizada apenas em situações de emergência.



Segundo o ministro, os países do Mercosul estão em dia com o FMI e com a “economia arrumada”. Dessa forma, na opinião do ministro o Fundo deveria aumentar sua vigilância sobre os países mais ricos, que não estão cumprindo seus princípios de equilíbrio fiscal e das contas externas.



“Somos sócios do Fundo e queremos ter direito de poder desfrutar do que o Fundo pode nos oferecer. Não é justo que o Fundo só nos imponha obrigações, sem haver reciprocidade”, completou Mantega.