Lula prega ''reforma política profunda''
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu neste domingo (23) em Olinda uma ''reforma política profunda'' no seu segundo mandato, que disputará nas eleições de outubro. ''Nós precisamos mexer nessa ferida chamada política brasileira'', afirmou. E apo
Publicado 24/07/2006 11:41
Lula falou no no encontro O Futuro do Nordeste, que reuniu 300 intelectuais e políticos nordestinos no auditório da Academia Santa Gertrudes, no Alto da Sé, centro histórico de Olinda. Em Brasília Teimosa, bairro pobre do Recife, o candidato à reeleição discursou para uma multidão de 20 mil pessoas, ao lado do ex-ministro Humberto Costa (PT), candidato ao governo de Pernambuco.
A prefeita da cidade, Luciana Santos (PCdoB), foi a primeira a discursar no encontro. Falaram também o ex-ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes (PSB), o presidente do PT, Ricardo Berzoini, o presidente da Confederação Nacional da Indústria, Armando Monteiro Neto e o escritor pernambucano Ariano Suassuna. O prefeito do Recife, João Paulo, os governadores Wellington Dias (PT-PI) e Wilma Farias (PSB-RN), e o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP) também participaram.
''Ou temos a coragem de mudar isso''…
Ao pregar a reforma política, Lula atacou ''partidos laranjas'' e propôs uma reforma estrutural. ''Ou nós temos a coragem de mudar isso com uma certa profundidade ou nós, daqui a 20 anos, estaremos amargando as mesmas coisas que estamos amargando'', enfatizou, numa referência implícita aos escândalos que vieram à luz no ano passado.
''Uma reforma política passa pela reorganização das estruturas partidárias, desde a mudança interna do regimento do funcionamento das duas Casas [Câmara e Senado], para levar as pessoas a terem compromisso com a democracia e com o país, até a discussão sobre o mandato de pessoas e a existência ou não de partidos laranjas ou de partidos de verdade. Essa é uma reforma que nós vamos ter que nos debruçar'', afirmou.
''Proteína para o buchinho das crianças''
O encontro, que discutiu soluções para o Nordeste, prolongou-se por quase 6 horas, conforme a tradição dos atos políticos pernambucanos. Lula pediu votos, prometeu ações exclusivas para o Nordeste e ressaltou que vai insistir na marca de seu governo, os programas de cunho social como o Bolsa Família. ''Se é assistencialismo eu não sei, o dado concreto é que está levando muita proteína para o buchinho das crianças'', polemizou o presidente. ''Quem passa fome não pode esperar, disse ainda, consciente de a população pobre do Nordeste é o seu principal reduto de apoio.
Lula disse que o Nordeste ''precisa parar de ser tratado como uma região de segunda classe''. E voltou a insistir: ''A reforma política pode garantir mudanças para o Nordeste. Eu não consigo compreender como é que o Fundo de Desenvolvimento Regional, que está para ser votado no Congresso, não é destinado para que a gente tenha a Sudene funcionando de verdade. Os governadores conseguem convencer os parlamentares a não votarem porque querem que o fundo seja partilhado um pouquinho para cada Estado, para que o dinheiro seja jogado no caixa único de cada Estado e eles possam gastar sem a funcionalidade que queremos dar ao fundo. A vocação da elite dirigente desse país não passa pelo desenvolvimento do Nordeste e nem do Norte.
“Temos que investir (no Nordeste). Fazendo isso, o progresso vem atrás”, defendeu Lula. Ele lembrou que a Petrobras que, em governos anteriores, “nunca quis fazer refinaria no Nordeste. Essa política mudou. A Petrobras vai construir uma refinaria no Recife”, disse. Citou também a reativação do programa do álcool e o incentivo a combustíveis alternativos, como o biodiesel e o H-BIO. Para o presidente, nascido em Pernambuco, estão se criando as condições para que o Nordeste se torne “um pólo de tecnologia, de educação e de trabalho”.
Apesar das polêmicas, o presidente prometeu uma campanha eleitoral tranqüila. ''Vamos fazer nossa parte com a mesma tranqüilidade que fizemos as outras batalhas. Não vamos baixar o nível de campanha, vocês vão perceber que não vou falar mal de nenhum candidato. Também não vou falar bem. Não aceitem provocações. Vamos para a disputa, a gente não tem que saber quando é que vai ganhar. Se no começo ou no final de outubro. Não temos que ficar preocupados com pesquisas'', aconselhou.
Com agências