Sem fé no próprio candidato, direita aposta em Heloísa Helena
Atualizada às 18h30
Durante a inauguração do comitê de campanha do candidato à Presidência Geraldo Alckmin (PSDB) em Brasília, tucanos e pefelistas comemoraram o crescimento da senadora Heloísa Helena (PSOL/AL) na pesquisa de int
Publicado 19/07/2006 18:43
O presidente do PSDB, Tasso Jereissati, afirmou que Heloísa Helena é o nome potencial para chegar ao segundo turno seja com Geraldo ou com Lula. Já o líder do PFL, senador José Agripino, foi mais enfático e disse acreditar que ela e que Cristovam Buarque (PDT) vão ser elementos fundamentais para que haja um segundo turno. 'A Heloísa é a alternativa do eleitor que ainda não se fixou totalmente, mas é o voto anti-Lula', opinou.
Apesar disso, Agripino ainda acredita que Alckmin estará no segundo turno com Lula. Para ele, o crescimento tucano vai acontecer com o início da campanha eleitoral gratuita na televisão, programada para o dia 15 de agosto. 'Lula já cresceu tudo que podia. A campanha dele foi feita usando o ¿aeroLula¿, ele ia inaugurar buraco, pedra fundamental. Agora ele não tem mais essa campanha a fazer', criticou. Tasso tem a mesma opinião e disse que a TV vai dar visibilidade para quem estava fora da mídia.
O prefeito do Rio de Janeiro, Cesar Maia (PFL), disse que não se sabe se Heloísa Helena pode alcançar o segundo turno. Ele afirmou que os votos da senadora retiram os da base de Lula. 'Os números mostram que ela não é candidata só para marcar presença. Ela é importante para dizer se há segundo turno', analisou o pefelista, um dos principais críticos da campanha de Geraldo Alckmin, candidato do PSDB. 'Esse voto de opinião e das regiões metropolitanas, que era do PT, está migrando para Heloísa Helena', completou.
Mas uma leitura mais atenta, no entanto, pode trazer preocupação para a direita. Principalmente no sul do país, Heloisa Helena está tirando votos do candidato tucano Geraldo Alckmin. A conclusão é de Mauro Paulino, diretor do Datafolha, instituto que realizou a pesquisa.
A senadora cresceu entre o eleitorado que possui nível superior em matéria de escolaridade, justamente onde o candidato do PSDB tem sido o favorito nessa faixa da população. A outra fatia de seus votos vem dos que estão à esquerda do PT e que se decepcionaram com o governo Lula.
A subida de Heloísa Helena em todo o País, passando de 6% para 10% das intenções de voto, é alavancada pelas mulheres, segundo Paulino. Na pesquisa divulgada hoje, a respeito da sucessão presidencial, ela dobrou as intenções de voto nesse segmento: de 6% 12%, em menos de um mês.
Genro: subida de Heloisa Helena é ruim para Alckmin
O ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, concorda que o crescimento da candidata do PSOL nas pesquisas Heloisa Helena deve preocupar o candidato tucano.'O presidente Lula certamente estará no segundo turno e não é improvável que o adversário dele seja Heloisa Helena', afirmou. 'Seria muito bom para o País pois são duas candidaturas com propostas bem nítidas', completou.
Em entrevista no Palácio do Planalto, Tarso Genro avaliou que Heloisa Helena cresceu no eleitorado de Alckmin.
O ministro disse que Heloisa Helena tem como proposta acabar com o bolsa-família, governar sem o Congresso e recentemente se posicionou contra os projetos de educação do governo, como o Fundeb e o Prouni.
'Não estou fazendo acusação. Aliás, Heloisa Helena enriquece o processo eleitoral', disse. E voltou a atacar: 'ela cresceu entre os indecisos pois está fazendo uma campanha ofensiva do ponto de vista político, colocando que só ela presta e ninguém mais.'
Bastante sarcástico, Tarso Genro disse ainda que a direita está sendo 'generosa' no tratamento à candidata do PSOL.
Maior rejeição no Nordeste
A candidata, apesar de ser senadora por Alagoas, tem maior índice de rejeição no Nordeste, onde alcança 30%. Lula, nascido em Pernambuco, tem o menor nível nesta região, 16%.
As taxas de rejeição obtidas pelos candidatos à presidente se mantiveram estáveis em relação a junho. No último levantamento, Lula tinha 31% de rejeição, agora tem 32%. Heloísa Helena manteve os mesmos 21%. A taxa de rejeição a Alckmin subiu acima da margem de erro, passou de 19% para 22%. A mragem de erro da pesquisa é de 2 pontos percentuais.
Na pesquisa de intenção de voto espontânea, em que o pesquisador não cita os nomes dos candidatos, Lula alcançou 31% de rejeição, Alckmin teve 14%, e Heloísa Helena, 3%. Cerca de 44% não souberam dizer em quem votariam.
O analista do Datafolha não sabe dizer porque a senadora, que é de Alagoas, tem exatamente no Nordeste seu maior índice de rejeição (30%). E não se arrisca a interpretar que o machismo seja o principal fator para esse resultado.
Já no sul, Mauro Paulino aposta, entre outros, em dois fatores. Como o Rio de Janeiro, a região Sul tem tradição oposicionista.
Da redação,
com informações das agências