Lula convida PMDB para integrar coordenação da campanha
Publicado 11/07/2006 00:30
Na noite desta segunda-feira (10/7), integrantes de diretórios estaduais do PMDB se encontram com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante jantar na Granja do Torto, onde foi garantido o apoio de parcela significativa do partido à reeleição do presidente. Tanto os peemedebistas como o comando da campanha de Lula preferiram não dar um caráter formal ao encontro.
Na reunião, os peemedebistas reafirmaram que Lula terá o apoio de cerca de 19 diretórios estaduais, no chamado "Movimento Pró-Lula". Nos Estados restantes (Santa Catarina, Pernambuco, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Norte, Piauí, Rondônia), o apoio será dividido com o candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin. O PMDB é livre para apoiar candidatos de outras legendas, pois não possui candidatura própria a presidência da República.
Durante o encontro, o presidente convidou oficialmente a ala governista do PMDB para integrar a coordenação de sua campanha à reeleição. A idéia é colocar os peemedebistas no centro do debate sobre estratégia eleitoral e sobre a formulação do programa de governo.
Segundo o líder do PMDB no Senado, Ney Suassuna (PB), deverão ser indicados um ou dois nomes do partido para integrar a coordenação da campanha nacional. Além disso, em cada Estado onde houver movimento pró-Lula, deverá haver uma divisão de tarefas entre a coligação PT-PRB-PCdoB e um nome do PMDB.
O partido ainda não definiu o perfil de quem seria indicado para a coordenação pelo PMDB, mas o escolhido deveria ser, ao mesmo tempo, técnico e político. Além disso, o indicado não poderia estar em campanha.
Ao líder do governo no Senado, Romero Jucá (RR), Lula enfatizou a questão de formar um governo de coalizão, onde o PMDB aumentaria o número de ministérios e participaria diretamente da formulação dos rumos da administração federal.
Manifesto
Um manifesto de apoio à reeleição do presidente Lula deve ser divulgado por parlamentares do PMDB nos próximos dias. O documento deve se tornar público depois do lançamento oficial da campanha de Lula, nesta quinta-feira, em São Bernardo do Campo (SP).
O manifesto serviria para reforçar a parceria informal entre o PMDB e o presidente. A expectativa é de que o documento tenha a assinatura de pelo menos 19 diretórios e apoio de correntes dissidentes da legenda em oito Estados.
Responsabilidades
O encontro desta segunda ocorre dias após o governo oficializar a nomeação de lideranças do PMDB para o comando “integral” dos Correios.
Diante desta realidade, o presidente Lula indicou hoje que não responderá, na campanha pela reeleição, por escândalos e deslizes cometidos em áreas de seu governo controladas por outros partidos que não o PT.
A posição foi consumada em seu acordo com o PMDB, fechado na quarta-feira. Até então, os peemedebistas reivindicavam a adoção de uma política de "porteira fechada", ou seja, o seu amplo domínio e direito de nomeações nas áreas diretas e nas autarquias dos ministérios que receberam. Em contrapartida, Lula deixou claro que o PMDB terá de assumir integralmente a responsabilidade pelo que ocorreu e vier a acontecer na sua órbita de atuação no governo.
Na quinta-feira, Lula nomeou indicados do PMDB para a presidência e três diretorias dos Correios e prometeu ao partido a presidência da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). "É mais que justo que o partido que tenha um ministro no governo seja o responsável por todo o Ministério", afirmou Lula, ao final do almoço que ofereceu ontem ao presidente de Gana, John Agyekum Kufuor. "O Hélio Costa é o ministro das Comunicações e é do PMDB. Se tiver qualquer problema, o ministro será o responsável. O mesmo vale para a Saúde", completou, para em seguida dizer que a mesma receita poderá ser mantida em um eventual segundo mandato.
No caso da Saúde, o PMDB pressiona o Palácio do Planalto para assentar na cadeira de ministro o atual presidente da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), Paulo Lustosa, em lugar de José Agenor. O presidente afirmou que parecia "estranho" não haver anteriormente esse tipo de responsabilização.