Ramos Horta é empossado no governo do Timor Leste
O novo primeiro-ministro do Timor Leste, José Ramos Horta, escolhido para substituir o ex-premiê Mari Alkatiri, forçado a renunciar no mês passado, tomou posse nesta segunda-feira em uma cerimônia na capital do país, D
Publicado 10/07/2006 12:38
A nomeação de Ramos Horta é um desdobramento do golpe branco de Estado promovido pela oposição ao partido no governo, a Fretilin. Iniciado há três meses, sob o pretexto de protestar contra a demissão de 600 soldados, o golpe branco foi apoiado pela Austrália, que tem a maior força estrangeira militar no país.
O Timor Leste passou por eleições municipais, consideradas por todos os observadores internacionais como livres, pacíficas e justas, no final de 2005. Há três meses foi objeto de um elogioso relatório do Banco Mundial, que considerou um êxito a política econômica do governo. No entanto, uma crise artificialmente elaborada, provocou a morte de 21 pessoas e o deslocamento de milhares de habitantes de Díli para os arredores da cidade, onde vivem em barracas.
O país, o mais pobre da Ásia, tem reservas de gás e petróleo. Foi uma antiga colônia portuguesa que a Indonésia anexou à força em 1976. Por meio de um plebiscito realizado em 1999 e patrocinado pela ONU obteve a independência de Jakarta e, em 2002, viu ser formado seu primeiro governo soberano, liderado por Mari Alkatiri, líder da Fretilin.
A interferência da Austrália na fabricação da crise está documentada e ocorre há vários anos. Documentos de política estratégica australiana de 2002 revelam a importância de Timor Leste para a consolidação da posição regional da Austrália e a determinação deste país em salvaguardar a todo o custo os seus interesses. Os interesses são econômicos (as reservas de petróleo e gás natural estão calculadas em US$ 30 bilhões) e geomilitares (controlar rotas marítimas de águas profundas e travar a emergência do rival regional: a China).
Desde o início da seu governo, o ex-primeiro-ministro timorense, Mari Alkatiri, centrou a sua política na defesa dos interesses de Timor, assumindo que eles não coincidiam necessariamente com os da Austrália. Isso ficou claro desde logo nas negociações sobre a partilha dos recursos do petróleo em que Alkatiri lutou por uma maior autonomia de Timor e uma mais equitativa partilha dos benefícios.