A nossa candidatura ajuda a eleição de Lula, diz Jandira
Em entrevista dada ao Vermelho, a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB/RJ) falou sobre o cenário eleitoral no estado e ressaltou a importância de sua candidatura por, entre outras coisas, ajudar a colocar o
Publicado 06/07/2006 01:15
A esquerda fluminense conseguiu construir uma aliança forte e competitiva para as disputas no estado do Rio de Janeiro. Lá, PT, PCdoB e PSB fecharam aliança em torno da candidatura do petista Vladimir Palmeira (PT/RJ) para governador, com a deputada comunista Jandira Feghali para o Senado. Em pesquisa recente feita pelo Instituto GPP, Jandira tem 35% das intenções de voto, abrindo vantagem de 17 pontos percentuais sobre o segundo colocado, o deputado Francisco Dornelles (PP/RJ). Para as candidaturas proporcionais, o PCdoB lança, entre outros, os nomes de Edmilson Valentim para a Câmara e Fernando Gusmão, atual vereador na capital, para a Assembléia Legislativa. Em entrevista dada ao Vermelho, a deputada federal Jandira Feghali falou sobre o cenário eleitoral no estado e ressaltou a importância de sua candidatura por, entre outras coisas, colocar o PCdoB num patamar melhor para a luta contra a cláusula de barreira. “Fica mais difícil atacar um partido que tenha senadores, participação em governos além de fortes vínculos com os movimentos sociais”, disse Jandira.
Partido Vivo: Na sua avaliação, a coligação de centro-esquerda tem boas chances nos pleitos majoritários ?
Jandira Feghali: Esta será uma eleição difícil, na qual concorreremos com candidatos vinculados ao poder econômico, que terão à sua disposição grande volume de recursos e apoio de certas “lojinhas editoriais” da grande mídia. Mas, saímos bem posicionados, com a unidade de nosso campo e com um projeto eleitoral competitivo. Para o Senado, a nossa candidatura larga na frente em todas as pesquisas feitas até aqui e na disputa pelo governo do estado, temos Vladimir Palmeira, um nome vinculado às lutas do povo do Rio de Janeiro, que dirigiu a famosa passeata dos cem mil em 1968 e já foi deputado federal constituinte pelo PT. Esteve afastado da política institucional nos últimos anos, porém, devido a estes dados da sua trajetória, seu nome tem potencial de crescimento e viabilidade eleitoral, impulsionado pela polarização entre Alckmin e Lula, ajudado também pela projeção da candidatura ao Senado.
Partido Vivo: O PT abriu mão de nomes próprios para apoiar sua candidatura. A que você atribui essa preferência?
Jandira Feghali: As forças democráticas e populares no Rio experimentaram, nas eleições mais recentes, derrotas municipais e estadual. A crise política nacional, os ataques das forças conservadoras e a busca da vitória eleitoral jogaram papel na busca da unidade em nosso estado. A nossa candidatura, no patamar que se apresenta, ajuda a eleição de Lula para a Presidência, buscando evitar o retrocesso político e a defesa das mudanças exigidas pelo nosso povo. O fato de nossa candidatura à prefeitura da capital do Rio de Janeiro ter sido a mais votada em nosso campo também jogou papel importante para a formação deste cenário.
Partido Vivo: O seu favoritismo parece refletir ao menos duas coisas: demonstra sua consolidação junto ao eleitorado do Rio de Janeiro, o que é resultado de sua atuação como parlamentar, e também do crescimento da influência política do PCdoB, especialmente depois da eleição de Lula…
Jandira Feghali: A nossa posição nas pesquisas reflete um mandato vitorioso. Nas últimas eleições tivemos 264.317 votos, o segundo melhor resultado entre os deputados federais do estado. Isto se baseia em um trabalho vinculado à defesa do desenvolvimento nacional e local com geração de emprego e renda. A defesa da capital feita claramente na campanha pela prefeitura em 2004, com a elaboração de um programa de governo chamado "Rio, capital da saúde", ajuda também a explicar o nosso bom posicionamento. Por outro lado, não tivemos nenhuma acusação ética e votamos com o povo e os trabalhadores. A participação do PCdoB nos movimentos sociais, em ministérios do governo Lula, o exercício da presidência da Câmara são fatores que fizeram aumentar a nossa influência e o conhecimento que a população tem da gente. No auge da crise, defendemos a apuração de todas as denúncias e nos colocamos frontalmente contra qualquer atitude demagógica ou antidemocrática que ameaçasse o mandato presidencial. Não deixamos, no entanto, de exercer a direito à crítica aos fundamentos macro-econômicos ou a outros projetos como o da reforma sindical. Este claro posicionamento também teve importante papel.
Partido Vivo: Sua candidatura tem uma importância muito grande. É a primeira senadora mulher que o partido poderá eleger e será a segunda vez que um membro do PCdoB, depois de Prestes, ocupará uma cadeira no Senado. É uma grande responsabilidade, não?
Jandira Feghali: É uma candidatura importante política e eleitoralmente, com um componente ideológico claro. A vitória da candidatura de uma mulher, comunista, representando uma coligação unitária, vinculada às lutas de nosso povo em um estado com a importância do Rio de Janeiro terá impacto nacional para o PCdoB. Contribuirá, também, para a conquista de uma reforma política e eleitoral democratizadora, buscando superar as limitações dos que tentam impedir a existência parlamentar dos partidos com a cláusula de barreira, usando como critério unicamente a votação para a Câmara. Fica mais difícil atacar um partido que tenha senadores, participação em governos além de fortes vínculos com os movimentos sociais.
Partido Vivo: Caso ganhe a disputa pelo Senado, em que frente seu mandto deverá atuar?
Jandira Feghali: Defenderemos prioritariamente o desenvolvimento do estado do Rio de Janeiro e a reversão da decadência verificada nos planos econômico, político, cultural etc., reafirmando o papel nacional de nosso estado. Discutiremos o papel do estado como alavancador do progresso. Questões como violência e segurança, defesa da universalidade dos direitos na saúde, previdência, educação e todas as lutas vinculadas aos direitos dos trabalhadores e de ampliação de cidadania também serão aspectos importantes de um possível mandato no Senado.
Por Priscila Lobregatte