Evo: povo boliviano está unido para mudar
Do diário mexicano La Jornada*
Face à visão de que a Bolívia saiu dividida das eleições de domingo para a Assembléia Constituinte e o referendo da autonomia, o presidente Evo Morales disse que o
Publicado 04/07/2006 10:49
Com esta eleição se consolida o vigor do governo e o MAS fica sendo a única força política no país, agregou o presidente. Ele enfatizou que em escala nacional o “Não” à autonomia dos departamentos, defendido por seu partido, ganhou com 56%, e para a Constituinte teve mais de 60% dos votos.
Vitórias em Santa Cruz e Tarija
“Temos maioria absoluta na Assembléia Constituinte e, com as siglas de empréstimo, garantimos cinco constituintes além dos 135 que coonseguimos no domingo; temos 140”, informou. E afirmou que, caso a fórmula tivesse sido aplicada em todo o país, com certeza o MAS teria chegado a 150 constituintes ou mais [num total de 255].
Quanto ao argumento de que o país ficou dividido, Morales explicou, numa coletiva para a imprensa estrangeira, que o MAS ganhou as eleições presidenciais de dezembro com pouco menos de 54% dos votos, e em apenas cinco dos nove departamentos do país.
Agora, agregou, seu partido venceu em dois departamentos a mais: Tarija, onde o governo local ajudava a criar problemas sociais para responsabilizar seu governo, e Santa Cruz. “Em Santa Cruz era impossível ganhar as eleições como MAS, porém agora ganhamos a eleição dos constituintes. A melhor unidade que já se viu é como o povo se une neste processo de mudança; ele não está dividido”, assegurou.
Morales reconheceu que o MAS não venceu em Pando e Beni, embora já possua presença em ambos os departamentos, com três e quatro constituintes. Em Pando ele ficou em segundo Lular e em Beni em terceiro.
“Poder para o povo, não para a burguesia”
Indagado se não é um contra-senso que o governo tenha apoiado o “Não”, Morales respondeu que “queremos poder para o povo, não poder para a burguesia; esta é a profunda diferença que temos, ainda que o tema deva ser debatido na Constituinte”, comentou.
Pouco a pouco o povo “se une no processo de mudança, consolida-se a nacionalização dos hidrocarbonetos, o tema da revolução agrária é bem aceito. Por isto ganhamos em Santa Cruz. Querem a revolução agrária. E, se olhamos os meios de comunicação, tanta confusão fizeram, mas o povo, as bases, pensam totalmente diferente”, assegurou o governante.
Contra “a mamadeira departamental”
Ele enfatizou que “a Assembléia Constituinte é a instância máxima originada do povo, com poderes ilimitados, plenipotenciária, que deve debater todos os problemas, inclusive as autonomias, a descentralização profunda, com base nas propostas dos povos. O mais importante que vemos é que o ‘No’ venceu com 56%.”
Para Morales, “já não estamos nessa etapa de debater por que sim ou por que não a autonomia. Aqui há uma nação onde o ‘Não’ ganhou majoritariamente.” Este tema, assinalou, “será debatido na Constituinte respeitando as regiões, pois o importante é que o povo tenha o poder, e não grupos de famílias”.
“Os que perderam a mamadeira do centralismo nacional agora queriam a mamadeira do centralismo departamental, sem que os povos pudessem decidir sobre o seu destino; e o povo expressou que não quer esse tipo de autonomias. Este é o resultado das eleições nacionais”, concluiu o presidente boliviano.
Fonte: www.jornada.unam.mx/;
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