Milhares de timorenses manifestam apoio a Alkatiri em Díli
Cerca de 15 mil partidários de Mari Alkatiri, ex-primeiro-ministro do Timor Leste, entraram nesta quinta-feira em Díli, a capital do país, para manifestar seu apoio ao líder. A manifestação de hoje apóia e pede o retorno ao governo de M
Publicado 29/06/2006 13:43
O nome do novo primeiro-ministro deve de ser apresentado ao presidente Xanana Gusmão, que desde a renúncia de Alkatiri administra a formação de um governo provisório. Gusmão admitiu convocar eleições antecipadas, para novembro, caso que não haja um acordo.
Soldados australianos e neozelandeses revistaram os militantes da Fretilin, partido majoritário no Parlamento. As forças internacionais tentam garantir que todos estão desarmados. Essa preocupação não foi tomada pelas tropas australianas nos recentes conflitos na capital do país. Ontem, quarta-feira, grupos de delinqüentes tentaram destruir a Rede de Televisão do Timor Leste, enquanto as tropas australianas apenas olhavam. A intervenção das forças portuguesas evitou a destruição total da sede e a agressão a jornalistas e funcionários da emissora.
Os militantes aguardavam a autorização para promover uma passeata em Díli desde segunda-feira, quando Alkatiri apresentou sua renúncia. Na terça-feira, ele falou a seus seguidores, pedindo o protesto fosse realizado hoje, para que houvesse tempo de retirar os opositores das ruas de Díli.
Os manifestantes pretendem ficar até sábado em Díli e entregar amanhã ao Presidente Xanana Gusmão um documento em que defendem a anulação da demissão do primeiro-ministro Alkatiri.
Segundo o secretário-geral adjunto da Fretilin, José Reis, o documento não foi entregue hoje porque militares australianos impediram seus representantes de se aproximar do Palácio das Cinzas, a sede da Presidência da República.
"Os militares australianos não receberam instruções para nos deixaram passar e impediram-nos de entrar", afirmou José Reis. "Esperamos poder entregar o documento amanhã", acrescentou. Agio Pereira, chefe de gabinete de Xanana Gusmão, confirmou que o documento será entregue amanhã.
Os militantes e simpatizantes da Fretilin provenientes de distritos do leste chegaram hoje a Díli e depararam-se com alguns grupos que defendem a demissão de Alkatiri e a postura de Xanana Gusmão. Durante a entrada dos manifestantes registaram-se pelo menos dois incidentes, num dos quais foram detidos três jovens.
Num outro incidente, no bairro Mascarenhas, a Guarda Nacional Republicana, de Portugal, interveio para dispersar jovens que tentavam apedrejar os militantes da Fretilin.
O comício que estava programado para o Palácio do Governo foi anulado, devendo Mari Alkatiri e o presidente do partido, Francisco Guterres "Lu-Olo", falar amanhã aos milhares de manifestantes que chegaram à cidade.
O número de manifestantes da Fretilin não é consensual. Fontes militares internacionais disseram às agências portuguesas que o número de manifestantes, transportados em cerca de 200 automóveis, entre caminhões, carros particulares e ônibus, totaliza quatro mil, mas José Reis garantiu que o número "varia entre dez mil e 15 mil".
Ontem, uma fonte da Fretilin disse à agência Lusa que eram esperadas 30 mil pessoas na manifestação. Hoje, a mesma fonte atribuiu o menor número de manifestantes a dificuldades logísticas e ao receio de serem recebidos em Díli com violência.
Os manifestantes encontram-se agora concentrados à volta do quarteirão formado pelo Palácio do Governo e pelo Parlamento, junto das suas viaturas, preparando-se para pernoitar no local.
A segurança na zona está garantida por veículos militares, incluindo blindados australianos, cujo comando dispensou os militares da GNR que acompanharam os manifestantes na entrada em Díli e se posicionaram para afastar os oposicionistas.