Israel seqüestra membros do governo palestino
O exército invasor israelense seqüestrou nesta quinta-feira membros do governo palestino pertencentes ao Hamas, o partido islâmico que governa a Autoridade Nacional Palestina após as eleições democráticas de janeiro de
Publicado 29/06/2006 12:53
Em uma operação realizada à noite na Cisjordânia ocupada, soldados prenderam o ministro palestino das Finanças, Omar Abdel-Razeq, e sete outros integrantes do gabinete de governo — ou um terço do ministério do Hamas —, junto com quase 20 parlamentares do grupo, afirmaram autoridades palestinas.
"(Isso) é uma ação pré-planejada para destruir a Autoridade (Palestina), o governo e o Parlamento e para colocar o povo palestino de joelhos", afirmou Mushir al-Masri, um parlamentar do Hamas.
O Grupo dos Oito (G8), grupo que reúne as 8 economias mais poderosas nações do planeta, teve uma reação tímida e desprovida de significado contra o seqüestro de membros de um governo democraticamente eleito. A secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, e outros chanceleres do G8, disseram em um comunicado conjunto que as prisões na Cisjordânia ocupada levantavam "preocupações específicas". Eles pediram às forças israelenses em Gaza que mostrassem "comedimento".
Palestinos resistem
Centenas de palestinos portando fuzis automáticos e armas antitanque assumiram posições esperando que Israel abra uma segunda frente na ação, iniciada na quarta-feira, quando tanques e soldados invadiram o sul do território.
Uma aeronave israelense disparou um míssil contra um veículo que levava um importante militante do grupo Jihad Islâmica, ferindo-o levemente, contaram testemunhas. O ataque aconteceu na cidade de Gaza. Enquanto isso, membros da resistência explodiram parte do "muro da vergonha" que separa Gaza do Egito.
O grupo Comitês de Resistência Popular (PRC), um dos grupos da reisistência que os sionistas apontam como o grupo que capturou Gilad Shalit, divulgou um comunicado criticando Israel e informando que não dará informações sobre se o militar estava vivo ou morto.
Ameaças renovadas
Segundo a Rádio Israel, Yuval Diskin, chefe do Shin Bet (serviço secreto israelense), avisou o presidente palestino, Mahmoud Abbas, no dia do sequestro: "Se o soldado não for entregue dentro de 24 horas, Israel não permitirá que o governo palestino sobreviva".
Ameaçando diretamente a Síria e a Khaled Meshaal, líder do Hamas que vive no país árabe, aviões de guerra israelenses passaram perto de um dos palácios do presidente Bashar al-Assad na quarta-feira. Uma autoridade síria afirmou que a Força Aérea do país disparou contra os aviões.
Preparando-se para realizar outra agressão no norte da Faixa de Gaza aviões israelenses espalharam panfletos sobre a área ameaçando os moradores que estivessem nas ruas nos próximos dias.
Seqüestro noturno
Cinco dos membros do governo palestino foram seqüestrados em um mesmo hotel de Ramalá. Ahmed al-Najjar, um recepcionista do hotel, disse que estava dormindo quando os soldados chegaram, depois da meia-noite, exigindo a lista de hóspedes antes de levarem embora, sob a mira de armas, os integrantes do Hamas.
Israel disse que, no total, 64 autoridades do Hamas foram seqüestradas e prometeu tomar como reféns outros membros do partido governista. O ato terrorista do exército de Israel foi justificado pelos sionistas como uma operação "anti-terrorista"
Jacob Dalal, porta-voz das Forças Armadas, disse que "eles (os membros do governo) não estão sendo usados como moedas de troca. Trata-se de pessoas com um passado terrorista, que possuem acusações contra elas".
Israel arrasta a região para a guerra
O seqüestro em massa dos ministros e deputados do Hamas na Cisjordânia não influirão no destino do soldado israelense seqüestrado, afirmou hoje um porta-voz das Brigadas de Izz al-Din al-Qassam, a resistência armada do Hamas.
"As forças de ocupação demonstraram seu fracasso e incapacidade para confrontar nossos combatentes" em Gaza, disse ele. "Governo israelense está confuso e age de maneira indigna", completou.
"Pressionem Israel"
O chefe da equipe de negociadores palestina, Saeb Erekat, pediu aos EUA e à União Européia (UE) que intervenham para garantir a libertação dos ministros e deputados. "A Autoridade Nacional Palestina (ANP) pediu aos EUA e à UE que pressionem Israel para frear as detenções de símbolos do Governo porque isso conduzirá a mais violência", disse o negociador. Segundo Erekat, Israel deve distanciar-se deste "tipo de medidas ilegais porque arrastará toda a região a uma guerra na qual Israel será o principal perdedor".
O secretário da Presidência palestina, Tayyip Abdel Rahim, condenou os seqüestros. "Israel sabe bem que esses políticos não têm qualquer relação com ações militares, seqüestros ou assassinatos", disse. O vice-presidente do Parlamento palestino, Ahmed Bahar, apontou que Israel será o responsável pelas conseqüências que as detenções acarretarão.
Bahar afirmou que "estas ações estavam planejadas desde as eleições parlamentares palestinas" de janeiro e não estão destinadas a pressionar os milicianos palestinos a pôr em liberdade o soldado israelense.