Meta de inflação de 4,5% evitará choques de juros
O governo vai interromper o processo de desinflação, que já dura 12 anos – desde 1994 -, e espera encerrar também o longo período de taxas de juros reais elevadíssimas.
Publicado 23/06/2006 14:06
O Conselho Monetário Nacional (CMN) fixará, na próxima semana, a meta de 4,5% para a inflação de 2008, com a margem de tolerância em 2 pontos percentuais, exatamente como neste e no próximo ano. Com metas estáveis e grande possibilidade de cumpri-las, a expectativa é criar um histórico de sucesso do regime de metas que reforçará a credibilidade do Banco Central (BC). Com a experiência do ziguezague na trajetória de inflação desde 1999 e tendo pago o preço por uma prática “ortodoxa”, com taxas de juros altíssimas e baixo crescimento em todos esses anos, é consenso no governo que é preciso ir mais devagar na busca da inflação "neutra" – uma taxa que dê segurança para os operadores da ciranda financeira.
O IPCA deste ano pode ficar, pela primeira vez, abaixo da meta. Mas não está assegurado o cumprimento dos 4,5% de 2007. O fim da valorização do câmbio – e a desvalorização recente -, associado à redução gradativa dos juros, pode levar a alguma pressão inflacionária em 2007. O gradualismo das últimas decisões do Comitê de Política Econômica (Copom) decorre exatamente de seu foco na inflação do próximo ano. A manutenção da “banda de tolerância” de 2 pontos percentuais deve-se a uma visão cautelosa sobre o cenário financeiro internacional.
A economia brasileira é hoje mais resistente a choques externos, mas nada garante que a volatilidade do mercado fiannceiro não possa aumentar. A área econômica avalia que foi um erro imaginar que a inflação teria uma trajetória de queda rápida. Em 1999, o CMN fixou para o IPCA uma meta de 8%. A variação efetiva foi de 8,94%. As metas originais para 2000, 2001, 2002 e 2003 foram de 6% , 4%, 3,5% e 3,25%. A realidade mostrou-se mais complexa.
Com informações do
jornal Valor Econômico