Fundador do Pink Floyd faz pichação de protesto em Israel

"Isto é uma construção horrenda", disse Waters a jornalistas, diante de uma seção do muro em Belém. "Já vi fotos dela, já ouvi falar muito dele, mas sem estar aqui não é possível imaginar até que ponto é terrivelmente opressivo e como é triste ver as pessoas passando por estes buraquinhos. Isso é uma loucura", disse o músico.

Waters usou spray vermelho e um marcador para acrescentar sua pichação ao muro. Ele foi letrista, compositor e vocalista do Pink Floyd, grupo de rock britânico que ficou célebre por álbuns como "Wish you were here" e "The Dark Side of the Moon".

Crime de concreto

Mais de 90% da barreira é feita de uma cerca coroada com arame cortante. Nos trechos onde ela atravessa áreas construídas, é uma alta muralha de concreto. Israel já completou quase metade da construção, cujo suposto objetivo é não permitir a entrada de homens-bomba em suas cidades.

Para os palestinos, porém, a medida visa roubar território deles. A barreira já foi julgada ilegal pela Corte Mundial, uma vez que atravessa parte dos territórios ocupados. Depois de uma ordem da Suprema Corte para diminuir o sofrimento palestino, Israel está modificando o traçado de alguns trechos da barreira.

Nesta quinta-feira, Roger Waters deve se apresentar num concerto no povoado de convivência árabe-judaica de Neve Shalom, como parte de sua turnê mundial. O concerto tinha sido planejado originalmente para um estádio esportivo em Tel Aviv. Após críticas de fãs britânicos, Waters mudou o local do evento para o povoado de paz, onde judeus e árabes israelenses convivem numa comunidade conjunta.

Em 1990, o músico cantou "The Wall" diante do Muro de Berlim, que separava as duas Alemanhas, para comemorar a reunificação delas. A jornalistas, ele disse esperar que a barreira israelense também seja derrubada. "Pode ser bem mais difícil, mas um dia isso terá que acontecer", disse Waters.