Parlamentares comunistas condenam invasão da Câmara

A invasão dos manifestantes do Movimento de Libertação dos Sem-Terra (MLST) à Câmara dos Deputados, na tarde desta terça-feira (6), foi condenada pelos parlamentares do PCdoB. A deputada Perpétua Almeid

As duas parlamentares comunistas, que estiveram no Salão Verde durante todo o tempo em que os manifestantes ocuparam o espaço, também destacaram como correta a atitude do presidente da Câmara.

Para Perpétua Almeida, "a condução foi correta, muito acertada, de não permitir a entrada da polícia na Casa, mesmo porque ficou provado que era possível a saída dos manifestantes pacificamente", disse, acrescentando que "se a polícia tivesse entrado, nós agora estaríamos contando os mortos".

E foi dura no procedimento que deve ser adotado com o movimento: "não se deve ter pena e nem dó e aplicar os princípios da justiça em cima deles". Para ela, "o que houve foi movimento pensado e organizado de baderna, isso não é movimento que reivindica terra, porque eles sabem que tem interlocutores na Câmara".

Vanessa Grazziotin acompanha o raciocínio da colega de Parlamento e Partido. "Nenhum movimento legítimo chega a uma Casa do povo como eles chegaram. A violência utilizada foi condenável e propositada para provocar tumulto no Congresso e atrapalhar a luta pela reforma agrária", criticou.

O deputado Jamil Murad disse que "o parlamento é um dos fundamentos da democracia, é o poder onde o cidadão tem mais acesso e onde sua voz é ouvida, esta invasão serve apenas aos inimigos da democracia".

O deputado destaca que o incidente lembra o incêndio do Parlamento alemão pelos nazistas no início do século passado, acrescentando que "além disso, esta invasão ocorre num momento em que as forças conservadoras estão encurraladas politicamente, com a sua candidatura presidencial fazendo água. Estas lideranças pseudo-radicais servem apenas à direita".

Jamil destacou a atitude firme e decidida do presidente Aldo Rebelo: "Ele impediu que a Câmara dos Deputados se tornasse palco de uma carnificina e ao mesmo tempo aplicou o rigor da Lei".

Rastro de destruição

Um grupo de manifestantes do MLST invadiu a Câmara dos Deputados, deixando um rastro de destruição, até alcançar o Salão Verde, que dá acesso ao plenário da Casa, onde permaneceram durante quase duas horas. Eles abandonaram o prédio do Congresso, depois que o Presidente da Casa mandou prendê-los pela Polícia Legislativa e disse que não negociaria com eles enquanto permanecessem na Casa. Os manifestantes saíram da Câmara e se concentraram no gramado em torno do Congresso.

Eles invadiram a Câmara pela entrada do Anexo 2, onde viraram um Fiat Uno Mille vermelho que estava no estacionamento. Para entrar no prédio, quebraram as portas de vidro, com tijolos. Ao entrarem, quebraram os oito computadores da entrada usados para fazer registro de pessoas que entram na casa, assim como o detector de metal da entrada.

Enquanto percorriam as dependências do prédio, quebraram um busto do ex-deputado, ex-senador e ex-governador de São Paulo Mário Covas (PSDB); outros quatro computadores de auto-atendimento, usados para orientar os visitantes sobre as dependências e eventos na Câmara; painéis de avisos e as plantas do Cerrado expostas numa exposição sobre meio ambiente.

Também quebraram a porta de vidro que dá acesso ao corredor do plenário e, durante as horas que permaneceram no Salão Verde se comportaram, ostensivamente, em desacordo com as regras da Casa – sem camisa, cuspindo no chão e fumando.
O MLST surgiu em 1995, como dissidência do Movimento dos Sem Terra (MST), segue uma orientação trotsquista e conta com muitos militantes do PSOL e PSTU, embora um dos seus principais dirigentes seja filiado ao PT. 

Unanimidade

As manifestações de condenação à ocupação da Câmara de forma violenta foi feita por parlamentares de todos os partidos, desde os líderes da minoria, como José Carlos Aleluia (PFL-BA), e Rodrigo Maia (PFL-RJ); do governo, Arlindo Chinaglia (PT-SP), e do PT, Henrique Fontana. Eles também manifestaram solidariedade ao presidente da Câmara, Aldo Rebelo e ao deputado Inocêncio Oliveira (PL-PE), que presidia a sessão, enquanto as medidas de segurança estavam sendo adotadas.

As manifestações de condenação à ocupação da Câmara de forma violenta foi feita por parlamentares de todos os partidos, desde os líderes da minoria, como José Carlos Aleluia (PFL-BA), e Rodrigo Maia (PFL-RJ); do governo, Arlindo Chinaglia (PT-SP), e do PT, Henrique Fontana. Eles também manifestaram solidariedade ao presidente da Câmara, Aldo Rebelo e ao deputado Inocêncio Oliveira (PL-PE), que presidia a sessão, enquanto as medidas de segurança estavam sendo adotadas.

Todos foram unânimes no sentido de que o momento exigia união em defesa do Legislativo. E sustentaram que, independentemente de quem tenha cometido a violência na Casa, deve ser punido dentro da lei. Os parlamentares fizeram questão de manter a sessão plenária e a votação das matérias da pauta.

De Brasília,
Márcia Xavier