Tarso quer PMDB aliado a Lula, com ou sem vice
Atualizada às 17h
O governo Lula busca o apoio do PMDB para formar um governo de coalizão de centro-esquerda e garantir a governabilidade para um eventual segundo mandato do presidente Lula. A afirmação foi feita nes
Publicado 05/06/2006 17:10
Tarso afirmou ainda que há uma forte tendência de que a ampla maioria do PMDB apóie o candidato do PT, com ou sem uma coligação formal e a indicação de um vice peemedebista. "É evidente que nós gostaríamos de uma coligação, mas o PMDB tem os seus problemas regionais, assim como o nosso partido, e talvez essa coligação não seja possível", ressalvou o ministro.
"De todas as conversações que tive, tenho certeza de que nós estamos construindo já um governo de coalizão de partidos, com responsabilidades definidas e um programa mínimo claro para a sociedade, para que a relação de governabilidade não seja volátil, com pequenos grupos regionais."
O ministro voltou a oferecer o cargo de vice-presidente para o PMDB, caso o partido venha a formalizar o apoio ao presidente Lula. "Eu visualizo no PMDB, se o partido fizer uma coligação conosco, três nomes potentes: o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, Nelson Jobim (RS); o ex-governador Jarbas Vasconcelos (PE) e o senador Pedro Simon (RS)", disse.
Centro-esquerda
Tarso salientou que esses nomes teriam tradição de centro-esquerda e "respeitabilidade nacional". Mas não descartou a possibilidade do vice sair de outra legenda. "Se o PMDB participar da coalizão e não tiver condição de indicar o vice, eu vejo também nomes importantes fora do PMDB, como o vice-presidente José Alencar, o Eduardo Campos (PSB) ou o ex-ministro Ciro Gomes (PSB)."
"Eu acho que é nesse contexto que sairá o vice do presidente Lula, se ele for candidato." O ministro, que é responsável pela articulação política do governo Lula, reiterou a necessidade de uma ampla reforma política que evite a regionalização dos partidos. Tarso Genro disse que, na atual situação, o PT está na contingência de alianças regionais com o PMDB, PDT e até mesmo com o PP e PFL.
"O que demonstra que ainda não se olha o País a partir de uma visão de totalidade, mas se olha a partir de uma ótica regional, o que determina todo esse processo de distorção partidária que nós temos até agora." Ele adiantou que o PT partirá para coligações para formar uma frente de centro-esquerda e que se diferenciaria do que ele chama de frente de centro-direita encabeçada pelo PSDB.
Centro-direita
"Na minha opinião, o governo Fernando Henrique foi um governo democrático mas foi um governo de centro-direita, que teve base de apoio fundamental no PFL e foi obrigado a governar de acordo com essa base de apoio." O ministro justificou a saída de nomes importantes do partido por conta da "crise de perspectiva que atinge as esquerdas em escala mundial", citando a indefinição após a queda do Muro de Berlim e a ascensão do neoliberalismo.
Ele criticou o que chamou de "terceirização das finanças do PT", que seria de responsabilidade de alguns dirigentes petistas. Porém Tarso Genro não aceita a responsabilização do partido. "O que há neste momento em função do clima político é uma transferência de responsabilidades individuais, do ponto de vista penal e político, para toda uma comunidade partidária que se viu pressionada e em crise em função desse processo", ponderou.
O ministro voltou a afirmar que a crise serviu para uma depuração do PT. "Eu acho que esta crise nos regenera e nos dá condições de nos recompor como partido de esquerda democrático, que supere os erros políticos e legais cometidos por dirigentes que, em última análise, estão sendo responsabilizados publicamente", disse Tarso genro.
Jantar na granja do torto
As declarações de Genro a respeito do PMDB ocorrem no mesmo dia em que o presidente Lula faz mais uma tentativa de atrair o apoio do PMDB para a sua candidatura à reeleição. Lula convidou os principais interlocutores do chamado grupo governista do partido para um jantar na noite de hoje na residência oficial da Granja do Torto.
Mas as articulações do grupo contrário à candidatura própria do PMDB avançam, os que querem que o partido tenha candidato à presidência também se mobilizam e apresentam suas últimas cartadas.
O edital de convocação – publicado na Seção 3 do D.O. que, em virtude de uma operação tartaruga dos servidores da Imprensa Nacional, circulou apenas hoje – é assinado pelos presidentes dos diretórios estaduais do PMDB do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro, senador Pedro Simon e ex-governador Anthony Garotinho, ambos pré-candidatos declarados à presidência, juntamente com os presidentes dos diretórios do partido em São Paulo, Orestes Quércia; no Espírito Santo, Marcelino Fraga; em Minas Gerais, Fernando Diniz; em Mato Grosso do Sul, Waldemir Moka; no Acre, João Correia; em Mato Grosso, Silval Barbosa, e em Santa Catarina, João Matos.
O presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), deve reunir a executiva nacional do partido esta semana para examinar a convocação da convenção, feita por iniciativa do grupo de Garotinho. Nem governistas nem a ala independente do partido acreditam na realização da convocação extraordinária.
O deputado Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) disse à Agência Estado que essa convocação não passa "de uma manobra diversionista" encabeçada por Garotinho, na tentativa de ressuscitar sua candidatura. "Candidatura própria do PMDB a presidente é assunto morto", afirmou Geddel. "O partido não terá candidato. Tanto que o senador Pedro Simon já declarou que vai disputar o Senado e Quércia também admitiu que a candidatura própria não tem chance".
Caso a Justiça não garanta a convenção no dia 11, o senador Pedro Simon (RS) já avisou que desistirá definitivamente de disputar a indicação para a candidatura presidencial.
Da redação,
com informações das agências