Tarso quer PMDB aliado a Lula, com ou sem vice

Atualizada às 17h

O governo Lula busca o apoio do PMDB para formar um governo de coalizão de centro-esquerda e garantir a governabilidade para um eventual segundo mandato do presidente Lula. A afirmação foi feita nes

Tarso afirmou ainda que há uma forte tendência de que a ampla maioria do PMDB apóie o candidato do PT, com ou sem uma coligação formal e a indicação de um vice peemedebista. "É evidente que nós gostaríamos de uma coligação, mas o PMDB tem os seus problemas regionais, assim como o nosso partido, e talvez essa coligação não seja possível", ressalvou o ministro.

"De todas as conversações que tive, tenho certeza de que nós estamos construindo já um governo de coalizão de partidos, com responsabilidades definidas e um programa mínimo claro para a sociedade, para que a relação de governabilidade não seja volátil, com pequenos grupos regionais."

O ministro voltou a oferecer o cargo de vice-presidente para o PMDB, caso o partido venha a formalizar o apoio ao presidente Lula. "Eu visualizo no PMDB, se o partido fizer uma coligação conosco, três nomes potentes: o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, Nelson Jobim (RS); o ex-governador Jarbas Vasconcelos (PE) e o senador Pedro Simon (RS)", disse.

Centro-esquerda

Tarso salientou que esses nomes teriam tradição de centro-esquerda e "respeitabilidade nacional". Mas não descartou a possibilidade do vice sair de outra legenda. "Se o PMDB participar da coalizão e não tiver condição de indicar o vice, eu vejo também nomes importantes fora do PMDB, como o vice-presidente José Alencar, o Eduardo Campos (PSB) ou o ex-ministro Ciro Gomes (PSB)."

"Eu acho que é nesse contexto que sairá o vice do presidente Lula, se ele for candidato." O ministro, que é responsável pela articulação política do governo Lula, reiterou a necessidade de uma ampla reforma política que evite a regionalização dos partidos. Tarso Genro disse que, na atual situação, o PT está na contingência de alianças regionais com o PMDB, PDT e até mesmo com o PP e PFL.

"O que demonstra que ainda não se olha o País a partir de uma visão de totalidade, mas se olha a partir de uma ótica regional, o que determina todo esse processo de distorção partidária que nós temos até agora." Ele adiantou que o PT partirá para coligações para formar uma frente de centro-esquerda e que se diferenciaria do que ele chama de frente de centro-direita encabeçada pelo PSDB.

Centro-direita

"Na minha opinião, o governo Fernando Henrique foi um governo democrático mas foi um governo de centro-direita, que teve base de apoio fundamental no PFL e foi obrigado a governar de acordo com essa base de apoio." O ministro justificou a saída de nomes importantes do partido por conta da "crise de perspectiva que atinge as esquerdas em escala mundial", citando a indefinição após a queda do Muro de Berlim e a ascensão do neoliberalismo.

Ele criticou o que chamou de "terceirização das finanças do PT", que seria de responsabilidade de alguns dirigentes petistas. Porém Tarso Genro não aceita a responsabilização do partido. "O que há neste momento em função do clima político é uma transferência de responsabilidades individuais, do ponto de vista penal e político, para toda uma comunidade partidária que se viu pressionada e em crise em função desse processo", ponderou.

O ministro voltou a afirmar que a crise serviu para uma depuração do PT. "Eu acho que esta crise nos regenera e nos dá condições de nos recompor como partido de esquerda democrático, que supere os erros políticos e legais cometidos por dirigentes que, em última análise, estão sendo responsabilizados publicamente", disse Tarso genro.

Jantar na granja do torto

As declarações de Genro a respeito do PMDB ocorrem no mesmo dia em que o presidente Lula faz mais uma tentativa de atrair o apoio do PMDB para a sua candidatura à reeleição. Lula convidou os principais interlocutores do chamado grupo governista do partido para um jantar na noite de hoje na residência oficial da Granja do Torto.

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), já confirmou presença. O presidente nacional do PMDB, deputado Michel Temer (SP), não foi convidado, o que tira o caráter institucional da conversa. O encontro deve ocorrer às 20h.

Lula já sinalizou que se não conseguir o apoio formal do PMDB para o primeiro ou segundo turno das eleições, quer pelo menos selar uma aliança para viabilizar o apoio do partido ao seu eventual segundo mandato e dessa forma garantir a governabilidade.

Lula tem optado por dialogar com correntes do PMDB. Temer já foi procurado, mas não pelo presidente. O ministro Tarso Genro esteve na casa do peemedebista, no último mês, como interlocutor do presidente Lula. Na ocasião, Genro ofereceu pela primeira vez a vaga de vice na chapa do petista ao partido. O presidente do PMDB trabalha para que o partido fique livre nas eleições de outubro, o que facilitaria alianças estaduais.

O presidente decidiu receber os governistas na Granja do Torto para evitar novos ataques da oposição. Na última semana, Lula convidou o presidente do PMDB em São Paulo, o ex-governador Orestes Quércia, para uma conversa no Palácio do Planalto em que voltou a ofereceu a vaga de vice na sua chapa à reeleição para o partido.

Líderes do PSDB e PFL acusaram Lula de ter ferido a legislação ao usar o gabinete presidencial para tratar da sua campanha. Apesar de todos os movimentos, Lula até agora não anunciou oficialmente se é candidato. Sua candidatura deve ser formalizada na convenção do PT, marcada para o dia 24, em Brasília (DF).

São Paulo

A definição sobre a aliança formam ou informal com o PMDB  deve necessariamente passar pelos acertos regionais, sobretudo em São Paulo.

Algumas das principais lideranças do PMDB paulista devem se reunir hoje na capital para definir os rumos da legenda para a sucessão estadual. O partido pode ser o "fiel da balança" numa disputa hoje polarizada entre o senador petista Aloizio Mercadante e o ex-prefeito tucano José Serra, que lidera com folga as pesquisas de intenção de voto.

O ex-governador Orestes Quércia é visto como um puxador de votos ainda forte no interior do Estado. Na hipótese –considerada remota– do partido lançar candidato próprio, abre caminho para um segundo turno, em um quadro que hoje mostra a virtual vitória de Serra ainda nas eleições de outubro, o que seria vantajoso para Mercadante, hoje em uma situação apertada: O 17% de intenção de voto contra 56% de seu rival do PSDB, segundo o instituto Datafolha.

Teria partido do próprio senador um pedido para que o próprio presidente Lula se empenhasse em trazer Quércia e o PMDB paulista para uma aliança com o PT, o que alavancaria a candidatura de Mercadante.

Integrantes do PMDB paulista, no entanto, ainda consideram provável um acordo com o PSDB e mencionam os confrontos no passado do partido com o PT nas eleições paulistas. Também lembram que diretório de São Paulo, em 2005, manifestou publicamente a intenção de se manter como oposição ao governo Lula, contrariando orientação nacional na época.

Garotinho insiste e Simon joga a toalha
 
Mas as articulações do grupo contrário à candidatura própria do PMDB avançam, os que querem que o partido tenha candidato à presidência também se mobilizam e apresentam suas últimas cartadas.

Neste sentido, os presidentes de nove diretórios estaduais do PMDB publicaram, no Diário Oficial, edital convocando a convenção nacional da agremiação para, no próximo domingo, dia 11, escolher candidatos peemedebistas a presidente e vice-presidente.
O edital de convocação – publicado na Seção 3 do D.O. que, em virtude de uma operação tartaruga dos servidores da Imprensa Nacional, circulou apenas hoje – é assinado pelos presidentes dos diretórios estaduais do PMDB do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro, senador Pedro Simon e ex-governador Anthony Garotinho, ambos pré-candidatos declarados à presidência, juntamente com os presidentes dos diretórios do partido em São Paulo, Orestes Quércia; no Espírito Santo, Marcelino Fraga; em Minas Gerais, Fernando Diniz; em Mato Grosso do Sul, Waldemir Moka; no Acre, João Correia; em Mato Grosso, Silval Barbosa, e em Santa Catarina, João Matos.
O presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), deve reunir a executiva nacional do partido esta semana para examinar a convocação da convenção, feita por iniciativa do grupo de Garotinho. Nem governistas nem a ala independente do partido acreditam na realização da convocação extraordinária.

O deputado Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) disse à Agência Estado que essa convocação não passa "de uma manobra diversionista" encabeçada por Garotinho, na tentativa de ressuscitar sua candidatura. "Candidatura própria do PMDB a presidente é assunto morto", afirmou Geddel. "O partido não terá candidato. Tanto que o senador Pedro Simon já declarou que vai disputar o Senado e Quércia também admitiu que a candidatura própria não tem chance".

Caso a Justiça não garanta a convenção no dia 11, o senador Pedro Simon (RS) já avisou que desistirá definitivamente de disputar a indicação para a candidatura presidencial.

O senador, que está em Porto Alegre, reunido com a cúpula do PMDB gaúcho, já marcou uma declaração pública para amanhã, às 17h, na capital do Rio Grande do Sul.

Da redação,
com informações das agências