Palocci concede entrevistas e volta a atuar como médico sanitarista

Em suas duas primeiras entrevistas após deixar o Ministério da Fazenda, em 27 de março, Antonio Palocci se negou a falar sobre política, economia e muito menos sobre as denúncias de corrupção que provocaram sua saída do cargo e

Palocci foi entrevistado na edição de sábado do jornal da "EPTV", rede afiliada à Globo com emissoras nas cidades paulistas de Campinas, Ribeirão Preto e São Carlos, além de Varginha (MG). Deu também entrevista ao jornal "A Cidade", de Ribeirão Preto, publicada na edição de ontem. Os dois meios de comunicação têm como acionistas a família Coutinho Nogueira, cujos empresários sempre foram ligados ao ex-ministro.
A emissora produziu, em 2000, os programas de televisão na campanha para o segundo mandato de Palocci. Eleito prefeito, o ex-ministro nomeou Antonio Carlos Coutinho Nogueira, comandante da "EPTV Ribeirão Preto", presidente da Fundação Pedro 2º, que administra o teatro homônimo na cidade paulista. No ano passado, em um de seus períodos de reclusão, Palocci se refugiou na fazenda dos empresários, em Cravinhos, cidade vizinha a Ribeirão Preto.
Médico-sanitarista, Palocci fala que voltou para a profissão original e procura agora dedicar-se à medicina social, sua velha paixão, "num tema que tem efeito sobre a minha mais recente paixão, a economia, já que uma pandemia de gripe aviária vai trazer um efeito econômico importante", relata Palocci ao "A Cidade".

Na única parte da entrevista ao jornal em que Palocci deixa transparecer que pode voltar a política, ele afirma que a retomada da carreira de médico sanitarista é permanente, mas admite que "isso não quer dizer que eu não possa vir a fazer uma atividade política", relata, para depois concluir: "a questão da gripe aviária eu quero acompanhar não só durante esses quatro meses, eu quero acompanhar sempre".

No resto, Palocci fala como um exímio conhecedor da gripe aviária e diz que suas palestras são "com os objetivos de informar e alertar para a gravidade do problema", diz o ex-ministro que alerta para a probabilidade de uma pandemia de gripe aviária. Para que isso ocorra, segundo o ex-ministro da Fazenda, falta apenas o vírus causador da doença, o H5N1 ser transmissível de pessoa para pessoa.
"Hoje já está mais ou menos estabelecido que se você conviver com uma pessoa doente, pode se infectar. Na Indonésia, em uma mesma família, morreram sete das oito pessoas contaminadas. Mas esse tipo de transmissão não é suficiente para provocar uma pandemia, para isso o vírus tem de desenvolver uma capacidade de transmissão igual à da gripe comum", relata Palocci ao jornal, antes de seguir discorrendo sobre os perigos da doença e as precauções tomadas no Brasil.
Palocci até fala sobre sua nova paixão, mas apenas para citar os impactos econômicos causados pela doença no comércio mundial de aves. "O comércio de aves tem sofrido bastante, com uma queda de 25% no consumo de frango. Mas os prejuízos decorrentes de uma pandemia seriam muito maiores, você poderia ter uma paralisação de serviços essenciais, redução do comércio mundial, das atividades de turismo, de negócios. Ou seja, um impacto sobre a economia extremamente forte", relata Palocci.
Por fim, o repórter Nicola Tornatore, do A Cidade, explica como é a casa na qual reside atualmente o ex-ministro da Fazenda. Ele garante que o imóvel, localizado no condomínio Forest Lake, em Brasília, "na realidade não corresponde ao que se convenciona chamar de mansão". Mas "diz que é uma casa térrea, com garagem para três veículos, quase geminada ao imóvel vizinho" e a sala onde Palocci concedeu a entrevista "é espaçosa, com quatro ambientes".
O repórter informa ainda que "trata-se de uma boa casa, de alto padrão, igual a centenas de imóveis de condomínios residenciais na zona sul de Ribeirão Preto", justamente a área mais nobre da cidade paulista. "Não é nem de longe a mansão alardeada por parte da imprensa", conclui.

Fonte: Agência Estado