9º Concut começa nesta segunda em meio a impasse histórico

Com 2.556 delegados e cinco dias de atividades, começa nesta segunda-feira (05/06) o 9º Congresso da Central Única dos Trabalhadores (Concut). A maior central sindical da América Latina tem, hoje, 3.489 entidades filiadas — o dobr

O 9º Congresso da Central Única dos Trabalhadores (Concut) começa às 19h30 desta segunda-feira, no Anhembi, em São Paulo (SP). A abertura terá os atores Sérgio Mamberti e Letícia Sabatella como mestres-de-cerimônia — e deve receber representantes de todas as centrais sindicais, de partidos políticos e organizações dos movimentos sociais.

A CUT chega ao encontro com 3.489 entidades filiadas — o dobro de três anos atrás, quando realizou o 8º Concut. A maior central sindical da América Latina exerce, atualmente, a representatividade recorde de 3.489 entidades filiadas.

Mas um racha histórico na Articulação Sindical (ArtSind), corrente hegemônica vinculada ao PT, pode manchar a realização do congresso e os próprios rumos da CUT. Atual presidente da central, o professor João Felício busca a reeleição, apoiado por aproximadamente 30% dos delegados.

Só que o petroleiro e secretário-geral da CUT, Arthur Henrique, com estimados 35% das intenções de voto, não abre mão de se tornar o quinto presidente da central — depois de Jair Menegueli, Vicentinho, Luiz Marinho e o próprio Felício.

Constrangimentos
Nenhum dos dois candidatos assume em público a divisão, que está clara nos bastidores. O racha na ArtSind tem proporcionado cenas constrangedoras. Na sede nacional da CUT, em São Paulo, partidários de Felício e Arthur exibem suas preferências sobretudo em adesivos.

Na última sexta-feira, uma reportagem do jornal “Valor Econômico” tornou pública a preferência do ministro do Trabalho, Luiz Marinho, pela candidatura de Arthur — o que irritou apoiadores de Felício. O governo federal e o PT já haviam interferido nas decisões do 8º Concut.

Há um clima de “já ganhou” entre assessores próximos a Arthur. Do outro lado, partidários de Felício apostam que o atual presidente pode surpreender na plenária final de sexta-feira, invertendo as tendências. O congresso, de todo modo, começa sob tensão.

Outros problemas
A definição da candidatura da ArtSind não é a única pendência da CUT. Em artigo para o Vermelho publicado também na sexta-feira, o jornalista Umberto Martins acusou “problemas de direção, métodos antidemocráticos, excesso de burocratismo e uma concepção que atribui demasiada ênfase à negociação em detrimento da mobilização e luta. Falta a decisão política de enfrentá-los e solucioná-los”.

As regras para a eleição da CUT também são alvo de muitas críticas. Se uma corrente alcançar, por exemplo, 60% dos votos, terá prioridade na escolha de 60% dos cargos, a seu critério. Com isso, deixam apenas funções secundárias para as demais correntes, o que fortalece uma postura hegemonista.

O racha na Articulação, porém, abre espaço para acordos entre as correntes. Segunda maior força da CUT, a Corrente Sindical Classista lançou Wagner Gomes a presidente da Central e deve chegar a 20% dos votos. Se desistir da candidatura e apoiar qualquer um dos candidatos da ArtSind, será o fiel da balança, determinando o resultado final das eleições.

Por fora
Formada por militantes do P-SOL e petistas independentes, a Frente de Esquerda Socialista (FES) terá por volta de 10% — índice semelhante ao da Corrente Socialista Democrática (CSD). Com menos peso, aparecem a corrente O Trabalho (até 5%) e a chamada Tendência Marxista.

As eleições para a direção executiva nacional e conselho fiscal da CUT ocorrem a partir das 10 horas de sexta-feira. Amanhã (6) o Vermelho publica depoimentos dos representantes das correntes.

De São Paulo,
André Cintra