No Vietnã, China pressiona EUA e UE sobre OMC
A China intensificou a pressão sobre Washington ao solicitar que os Estados Unidos e a Europa tomem mais medidas para diminuir os subsídios agrícolas e as tarifas, em uma tentativa de reativar as negociações globais de comércio.
Publicado 02/06/2006 17:33
O diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy, estabeleceu o fim de junho como data-limite para o organismo reanimar as longas conversas da Rodada de Doha e chegar a um acordo sobre as fórmulas para levantar as barreiras na agricultura, nos produtos industriais e nos serviços. "Na Rodada de Doha, a agricultura é o tema mais importante. Se as distorções no comércio mundial sobre a agricultura vão pelo caminho equivocado, as conversas não podem ter êxito", disse Bo Xilai, ministro chinês do Comércio.
O ministro publicou seus comentários na página na web da sua pasta (www.mofcom.gov.cn). Bo falou durante uma reunião de ministros de Comércio da Ásia e do Pacífico na cidade de Ho Chi Minh, a capital comercial do Vietnã, onde Lamy também esteve presente para tentar manter vivas as negociações. Bo declarou ainda que a responsabilidade se encontra sobre os Estados e a União Européia para reduzir os subsídios na agricultura, que prejudicam os produtores dos países pobres. "Os Estados Unidos e a União Européia precisam continuar trabalhando sobre a agricultura e se aproximar com reduções práticas. Eles têm que fazer mais esforços para que o ponto morto nas negociações sobre agricultura se resolva", afirmou.
Os ministros da OMC se reunirão em Genebra em 26 de junho com o objetivo de fechar um acordo para o final do ano. As conversas começaram em 2001. Com a aproximação desse prazo crucial, o Brasil pode melhorar sua proposta em tarifas industriais em troca de ofertas que garantam um comércio mais livre para seus produtos agrícolas. O país está disposto a cortar tarifas de bens industrias num nível além da proposta atual se os Estados Unidos e a Europa melhorarem suas ofertas de redução de tarifas na área agrícola e subsídios, respectivamente, disse Roberto Azevedo, diretor-geral do departamento econômico, em Brasília. "Há espaço para reduzir (tarifas) se houver mudanças para mudar efetivamente as condições atuais no setor agrícola", disse.
A oferta brasileira atual é reduzir as tarifas consolidadas da indústria em cerca de 50%, na média. Azevedo, o negociador comercial do Brasil, diz que todos os principais participantes da OMC precisam se mover ao mesmo tempo para romper a paralisação nas negociações. "Passamos do estágio de ofertas condicionais. Agora tem de ser um esforço simultâneo", disse ele. Segundo Azevedo, os Estados Unidos e a Europa deram importância exagerada à redução de tarifas na área industrial do Brasil. "Se nós reduzirmos nossas tarifas agrícolas para zero, a UE ainda não deixará livre o comércio agrícola e os Estados Unidos não acabarão com os subsídios. O (argumento) é uma desculpa", afirmou.
Com agências