Estudo da OIT revela drama do mundo do trabalho
Os países pobres precisam acelerar o crescimento econômico nos próximos anos para evitar uma situação explosiva, alerta a Organização Internacional do Trabalho (OIT), num estudo sobre as mudanças no mundo do trabalho.
Publicado 02/06/2006 17:04
Nada menos de 430 milhões de pessoas vão entrar no mercado de trabalho antes de 2015, a grande maioria nos países “em desenvolvimento”. Isso significa que milhões de novos empregos deverão ser criados ao longo da próxima década. Em média, as economias deverão criar mais de 43 milhões de novos empregos por ano para reduzir o desemprego mundial. Para a OIT, a estrutura atual do crescimento econômico não cria globalmente empregos decentes suficientes. Ela diz que os países encontram-se numa situação "socialmente, economicamente e politicamente insustentável e moralmente inaceitável".
A entidade não especifica países, mas nota que as desigualdades continua aumentando, como no Brasil, entre outros. As mutações tecnológicas e a intensificação da concorrência mundial, com a liberalização comercial, financeira e a baixa espetacular dos custos de transportes e comunicações exigem novas estratégias para reduzir o desemprego, afirma a OIT. Para a entidade, isso deve levar em conta três fatores: medidas mais favoráveis ao trabalho do que ao capital; investir mais para aumentar a produtividade dos pobres; e, sobretudo, acelerar a expansão econômica para elevar a demanda por mão-de-obra e favorecer empregos mais produtivos.
Oportunidades
Mas Juan Somavia, o diretor-geral da OIT, ressalva num comunicado que "os bons empregos com segurança de uma vida melhor são cada vez mais difíceis de achar". O estudo global de mudanças no mercado de trabalho mostra que o desemprego entre os jovens aumenta sem cessar. Em 2005, dados mostram que os jovens nas regiões em desenvolvimento tinham 3,3 vezes mais riscos de continuar fora do mercado de trabalho do que os adultos. Globalmente, 3 bilhões de pessoas trabalham ou buscam emprego. Outras 192 milhões estavam desempregadas ao final de 2005, o mais alto nível da história. Para efeito de comparação, eram 157 milhões dez anos antes.
Nesse cenário, o mercado de trabalho global é marcado, de um lado, pela criação de oportunidades sem precedentes, de outro, por incertezas cada vez maiores. A OIT estima que a transformação provocada pelas novas tecnologias e pela abertura dos mercados estão apenas no começo, e trazem riscos fortes de exclusão. Daí a necessidade de mais investimentos em educação e formação para se adaptar a intensificação da concorrência. Abordando a modificação mundial da estrutura do emprego, a OIT diz que a China e seus vizinhos da Ásia são o novo pólo da industria manufatureira. Aconselha outros países a privilegiar novas qualificações e favorecer a mobilidade para setores onde o emprego poderá se expandir.
Mulheres
Os empregos das categorias superiores e inferiores do setor de serviços aumentam nos países industrializados. A contração da “classe média” é uma evidência. O êxodo rural e o crescimento econômico lento vão continuar alimentando a economia informal e a migração internacional. A participação do setor de serviços no emprego mundial passou de 34,4%, em 1995, para 39% ano passado, próximo dos 40% do setor agrícola. O setor industrial representa 21% do emprego mundial, sem alteração. Globalmente, o numero de pessoas com mais de 60 anos aumenta mais rapidamente do que todas as outras faixas de idade. A taxa de participação da mão-de-obra com mais de 50 anos de idade também cresce. Mais mulheres trabalham, mas em condições de desigualdade, ganhando menos do que os homens.
Sobre as tendências globais de seguridade social, o estudo nota que a razão entre dependentes e numero de pessoas em idade de trabalhar começará a aumentar rapidamente em vários países “em desenvolvimento” em 25 anos. O exame dos modos de adaptação e de modernização das instituições que regem os mercados de trabalho revelam certas tendências comuns. Segundo a OIT, o exame indica grande variedade do trabalho e necessidade de “mecanismos de governança descentralizada”.
Com informações
do site da OIT
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