Ambientalistas são ameaçados de morte no Pará
Em Santarém (PA), a disputa acirrada entre o movimento socioambiental e o setor do agronegócio resultou em ameaças de morte a ambientalistas, publicadas no site de relacionamentos Orkut por apoiadores dos sojeiros da região. O padre E
Publicado 01/06/2006 17:29
Nas últimas semanas, os embates entre o movimento socioambiental e o setor do agronegócio produtor de soja no Pará, mais epecificamente na região de Santarém, tem se acirrado por conta de uma série de protestos e manifestações de ambas as partes. A polarização de opiniões acabou em ameaças de morte ao padre Edilberto Sena, coordenador da rádio Rural e membro da Frente de Defesa pela Amazônia, e José Boeing, advogado e pároco da igreja São Francisco, publicadas no site de relacionamentos Orkut por Derick Figueira, um jovem de Santarém, membro da comunidade do Orkut “Fora Greenpeace”.
O grupo que defende a expansão da soja no Pará criou recentemente o movimento “Fora Greenpeace” em função da série de atividades contra o desmatamento, desenvolvidas pela ONG em Santarém este mês, e repudia as ações da organização na região por considerar que ela é não é brasileira. Sena e Boeing, lideranças sociais locais, foram enquadrados na categoria de aliados do Greenpeace por esse setor.
O padre Sena afirma que mesmo não tendo recebido diretamente as ameaças de morte, como precaução dará queixa na Polícia Federal e alertará o procurador do Ministério Público Federal, Felipe Fritz Braga, sobre a mensagem do Orkut, alegando incitação à violência.
De acordo com o Código Penal Brasileiro, “incitar, publicamente, a prática de crime” (artigo 286) e “fazer, publicamente, apologia de fato criminoso ou de autor de crime” (artigo 287) pode levar a pessoa à pena de detenção de três a seis meses ou de multa.
Sena lembra que, quando ganhou o prêmio de direitos humanos da OAB (Ordem dos Advogados Brasileiros), o movimento ambientalista e a mídia temeram que podia ocorrer com ele o que houve com a missionária norte-americana Dorothy Stang, que havia ganhado a edição anterior do mesmo prêmio e foi assassinada meses depois, em fevereiro de 2005.
Mesmo com a ameaça, o padre garante que vai continuar lutando por “um desenvolvimento para a melhoria de vida para a população de Santarém. O agronegócio da soja ampliou o Produto Interno Bruto do Estado, mas isso [riqueza] não tem aparecido na região”.
Após a repercussão que a mensagem teve na mídia local, Derick a retirou da Internet, mas um blog regional (http://www.jesocarneiro.blogspot.com) a registrou.
Com erros de português, o texto, postado no Orkut no dia 25 deste mês, diz: “Fiquem espertos; o Green Peace disse que vai voltar a protestar com a Cargill… Então meus amigos vamos mobilizar dinhiro para que quando eles tentarem invadir o porto da cargill; vamos alugar lanchas e embarcações e vamos atirar bombas contra o navio deles sem medo de sermos presos; Estamos defendendo o que é nosso; Defendendo nossa pátria conta a Invasão estrangeira. E Se você amigo tiver a oportunidade de pegar um ativista na rua; bata, mais bata até a morte; pode ser homem ou mulher; bata pra matar; pois quando um morrer; ai sim eles vao ver de quem é A AMAZONIA!!! Obrigado rota 5 por descer a ripa nessas ongs de fachada! Obrigado Osvaldo de Andrade por também defender os sojicultores! Matem o Edilberto Senna e o PADRE BOING pelo BEM DE SANTAREM!!!!”