Iraque: Investigações acusam americanos de massacre em Haditha
Investigadores militares dos Estados Unidos concluíram que Marines das forças armadas de ocupação deliberadamente massacraram 24 civis indefesos, dentre eles 7 mulheres e 3 crianças, no mês de novembro de 2005 na cidade d
Publicado 31/05/2006 11:44
A investigação, que foi conduzida pelo Instituto Naval de Serviço Investigativo (Naval Criminal Investigative Service —NCIS), teve de ser aberta depois que a revista Time publicou em 19 de novembro uma versão diferente dos incidentes ocorridos ali relatados pelo comando dos Marines. A versão oficial dizia que um Marine e 15 civis haviam sido mortos na explosão de uma bomba à beira de uma estrada. Segundo dizia a versão, em seguida "homens armados atacaram o comboio (dos Marines) com pequenas armas de fogo", provocando um tiroteio que resultou na morte de "oito insurgentes".
Entretanto, um vídeo gravado por um repórter iraquiano mostrou que a versão oficial não era verdadeira, e uma reportagem posterior da Time revelou que civis iraquianos haviam sido deliberadamente assassinados pelos Marines.
"Foi muito pior do que relatou a revista Time", disse em 18 de maio o deputado John Murtha, um ex-coronel dos Marines e veterano da guerra do Vietnã, que é considerado um aliado inconteste das forças armadas americanas no Congresso. ele disse que os investigadores do NCIS descobriram que depois que um Marine morreu ao ser atingido pela explosão de uma bomba à beira da estrada, dezenas de Marines deram uma "busca" nas redondezas, entraram em residências e mataram mulheres e crianças..
"Isso demonstra a tremenda pressão que esses caras sofrem todos os dias quando saem para as ruas", disse Murtha, repetindo o apelo que fez em novembro pela imediata retirada das tropas americanas do Iraque.
No dia 21 de maio o jornal britânico London Telegraph disse que "autoridades do Pentágono confirmaram que 24 civis, ao invés dos anteriores 15 que a versão oficial informava", foram mortos, sublinhando que o "incidente, embora de proporções bem menores, imediatamente levantou comparações com o massacre de My Lai, no Vietnã, em 16 de março de 1968, quando centenas de aldeões vietnamitas, a maioria mulheres e crianças, foram assassinados por tropas americanas".
Hoje o jornal americano Los Angeles Times afirmou em editorial que os militares dos Estados Unidos "precisam acelerar as investigações sobre a morte de 24 civis iraquianos na cidade de Haditha".
De acordo com o LA Times, se for comprovado que soldados "vingaram a morte de um companheiro aterrorizando e matando civis iraquianos, eles desonraram seu uniforme e devem ser punidos. O mesmo vale para qualquer um na hierarquia superior que ajudou a ocultar o que correu em 19 de novembro de 2005, em Haditha, no oeste do Iraque".
Segundo o diário, a possível confirmação de militares americanos perpetuaram um massacre "tornará ainda mais inflamado o debate sobre a inviabilidade da missão americana no Iraque".
Com agências internacionais