Grupo português encena “Beijo no Asfalto” em teatro centenário
A companhia portuguesa de teatro Baal 17 apresenta quinta-feira no centenário Teatro Garcia de Resende, na cidade de Évora, uma adaptação da peça "O Beijo no Asfalto", do brasileiro Nelson Rodrigues.
Publicado 30/05/2006 21:57
O original de Nelson Rodrigues, escrito em apenas 21 dias de 1961, foi inspirado na história de Pereira Rego, um repórter do jornal O Globo que foi atropelado por um "arrasta-sandália" (ônibus antigo). Ao perceber que estava morrendo, o jornalista pediu um beijo a um jovem que tentava socorrê-lo.
Segundo Ramos, o autor brasileiro alterou os protagonistas e transformou este "beijo no asfalto" em uma peça "perturbadora, que aborda questões fundamentais à condição humana e não deixa ninguém indiferente". "Usou um beijo espontâneo dado por um homem de coração puro, em outro homem que havia sido atropelado, para fazer uma demanda contra a falsidade humana, o juízo baseado na aparência e o julgamento em praça pública", analisa o diretor.
Na adaptação do diretor português, a história começa na Praça da Liberdade, em Lisboa, onde um homem atropelado pede a Armando, um desconhecido que parou para socorrê-lo, que lhe dê um beijo na boca antes de morrer. Porém, uma jornalista, Piedade Ribeiro, presencia a cena e descobre no gesto a oportunidade de forjar uma história que aumentaria as vendas do jornal.
Ela exige que Cunha, um policial corrupto, a ajude a transformar "o beijo no asfalto" em um caso digno das primeiras páginas do jornal. A partir daí, o polícia e a jornalista forjam testemunhos e chantageiam pessoas, transformando um beijo de piedade – afinal é regra na cultura ocidental que jamais se deve negar o último pedido de um morto – em um caso amoroso e sinistro entre dois homens.
Fonte: Agência Lusa