Encontro internacional de sindicalistas não discute mudança da sociedade e nem o fim da exploração
Para Assis Melo, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias do Sul, “Os trabalhadores têm que se organizar não só para discutir a questão econômica e o emprego, mas para conquistar o poder, mudar o sistema, e constr
Publicado 30/05/2006 13:19 | Editado 04/03/2020 17:12
“Os trabalhadores têm que se organizar não só para discutir a questão econômica e o emprego, mas para conquistar o poder, mudar o sistema, e construir uma sociedade mais avançada onde não sejam explorados pelo capital”, esta é a opinião de Assis Melo, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Caxias do Sul e Região – RS. Melo que participou do Seminário Setor Automotivo do Mercosul e União Européia, que aconteceu de 22 a 24 de maio, em São Bernardo do Campo – SP, e contou com a participação de sindicalistas da América Latina e Espanha, critica que a discussão do encontro foi muito estreita e simplista. Ele disse que o seminário falou da importância das montadoras e da internacionalização delas, que cada vez mais procuram reduzir os custos de produção, para isso saem dos grandes centros, e vão para países e cidades periféricas, onde a mão-de-obra é mais barata e os trabalhadores estão menos organizados.
Por outro lado, na opinião de Melo, os dirigentes sindicais do setor estão preocupados, única e exclusivamente, com o emprego. Mesmo que seja no capitalismo. No seminário não se tratou de perspectivas para mudar o sistema e transformar a sociedade. Os painelistas internacionais, principalmente, não consideram as questões de políticas ideológicas. Para eles não interessa quem está no governo, e de que lado o governo está. Como se os sindicatos não tivessem influência política na sociedade, e nem fizessem parte da sociedade.
Melo observa também a visão de sindicalismo economicista: “Parece não interessar que o Estado invista em políticas de desenvolvimento, incentivo e tecnologia para outros setores da economia que também geram empregos, que não seja o setor das montadoras. É uma visão estreita”, critica. “Eles discutem em organizar os trabalhadores para terem mais poder de barganha, e não para tomar o poder e acabar com o capitalismo e construir uma nova sociedade”, acrescenta. O líder metalúrgico completa que do ponto de vista da história marxista, os trabalhadores precisam se libertar do capital e transformar a sociedade em uma sociedade socialista. Caso contrário os trabalhadores estão condenados a exploração do capital.
O Seminário Internacional foi promovido pela Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM/CUT), Canadian Internacional Development Agency, CAW TCA Canadá, e Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). O Seminário discutiu o perfil do setor das montadoras de automóveis e de autopeças, que são condicionadas às montadoras. Hoje no Brasil as montadoras empregam 92.716 trabalhadores, e as indústrias de autopeças contabilizam 197 mil empregados. Em Caxias do Sul, as indústrias metalúrgicas são voltadas para os setores de transporte e peças.
De Caxias do Sul
Márcia Carvalho