Tesouro muda política de dívida por turbulência financeira

A volatilidade que atingiu os mercados financeiros nos últimos dias fez o Tesouro Nacional alterar a estratégia de financiamento da dívida pública adotada desde o início deste ano.

A instituição cancelou os leilões de venda de títulos pré-fixados programados para quarta e quinta-feira, apesar de o Tesouro querer elevar a participação desses papéis na dívida pública, e decidiu retomar em junho a oferta de LFTs (Letras Financeiras do Tesouro), que estão vinculadas à taxa Selic e são papéis preferidos pelos bancos. Ao aceitar colocar as LFTs no mercado, o Tesouro evita aceitar pagar os juros muito altos que provavelmente seriam pedidos pelo mercado pelos pré-fixados. No entanto, arrisca ter que pagar taxas ainda mais altas no futuro dependendo das condições da economia.

Para Carlos Kawall, secretário do Tesouro, os mercados financeiros ainda enfrentarão momentos de tensão por conta dos indicadores dos EUA que deverão ser divulgados nos próximos dias. "Somos passageiros da incerteza assim como agentes financeiros globais", disse. Para ele, o Brasil sofre mais nesse momento porque possui ativos mais líquidos. No entanto, lembrou que hoje o país é menos dependente do fluxo de capitais externos por conta dos bons resultados das contas externas.

Kawall não acredita que a emissão de títulos indexados à taxa de juros impedirá o cumprimento do PAF (Plano Anual de Financiamento), que prevê que o estoque de LFTs ficará entre 39% e 48% do total da dívida. Segundo ele, para se chegar a esse limite mínimo, o Tesouro pode emitir R$ 90 bilhões desses papéis. A última oferta de LFT ocorreu em janeiro, mas foi uma emissão pequena. A última grande emissão ocorreu em dezembro do ano. "O que é importante é que não vamos extrapolar um limite superior de (papéis de) índice de preço ou inferior da LFT agredindo o mercado", disse ele.

 

Com agências