Pesquisa favorece Lula em todos os quesitos

O ministro Tarso Genro (Relações Institucionais) reagiu com prudência à pesquisa CNT-Sensus desta quarta-feira (24). "O quadro não está fixado”, advertiu. O Planalto quer salto alto zero na campanha da reelei&c

O gráfico ao lado mostra os principais resultados eleitorais da 82ª edição da pesquisa, encomendada ao instituto Sensus pela CNT (Confederação Nacional do Transporte).

"O quadro não está fixado. O presidente sequer apresentou a candidatura e se apresentar, e creio que vai apresentar, o quadro ficará mais nítido. Uma vantagem neste momento é uma cosia boa para o presidente, mas não quer dizer vitória ou fixação de quadros", foi o comentário de Tarso Genro.

O que se diz na oposição

Na área oposicionista, poucos se aventuraram a comentar a pesquisa. "Estamos diante de uma situação estável", disse o vice-presidente tucano, deputado Alberto Goldman (SP), de costas para os números, argumentando que “ainda não há campanha eleitoral". Goldman admitiu “a força dos programas sociais de transferência de renda”, para armunentar que mesmo assim Lula “há meses não passa dos 40% e tem índice de rejeição de 35%”. Não acrescentou que a rejeição de Lula (34,7%) recuou um ponto e é a menor entre os seis presidenciáveis pesquisados. Nem muito menos que a rejeição de Alckmin subiu 7,1 pontos desde a pesquisa anterior do Sensus (de 33,5% para 40.6%), uma queda atribuída à crise da segurança pública em São Paulo.

Outro oposicionista que comentou a pesquisa foi o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM). "O desafio não está tanto em se saber até onde vai Lula, mas saber como fazer o nosso candidato alçar vôo e atingir a maioria dos brasileiros que rejeitam Lula", disse Virgílio. E reiterou que o presidente “não é imbatível”. O tucano Aécio Neves, governador de Minas, tem a esperança de que as coisas mudem: "Acho que após a Copa do Mundo é o momento da candidatura que realmente avança, mas o nosso patamar de hoje não é ruim para quem está iniciando a campanha", comentou.

Como fica o PMDB

No PMDB, a ala que tenta construir uma candidatura própria que sirva de tervceira via foi duramente atingida. As intenções de voto no ex-governador Anthony Garotinho recuaram 3,6 pontos, de 15,0% para 11,4%. A rejeição de Garotinho foi a única a subir mais que a de Alckmin, de 50,7% para 60,7%.

O ex-governador pretende anunciar nesta sexta-feira sua desistência, em favor do senador Pedro Simon (PMDB-RS). Mas os números do Sensus reforçam a tendência do PMDB a ausentar-se de uma participação oficial na disputa da Presidência, e estimulam os palanques peemedebistas pró-Lula nos Estados.

As perguntas não-eleitorais

A ascensão do governo não se limita à parte eleitoral da pesquisa. Embora tenha caído o “índice de satisfação do cidadão”, apurado trimestralmente pela CNT-Sensus, toda a pesquisa reforça o campo da reeleição.

A avaliação do governo Lula sofreu oscilação positiva. As respostas “bom” e “ótimo” passaram de 37,6% para 38,3%. “Regular”, de 36,7% para 37,5%. Os que classificaram o governo como “ruim” ou “péssimo” recuaram de 24,1% para 22,2%. O saldo de aprovação oscilou positivamente de 12,6 pontos para 15,2 pontos. Foi o melhor desempenho do governo na série CNT-Sensus desde julho de 2005, quando estourou a crise política.

O desempenho pessoal de Lula teve pequena oscilação: a aprovação passou de 53,6% para 53,9%, a reprovação de 37,6% para 37,8%. Foi também o melhor resultado desde julho passado.

Efeitos dos ataques em SP

No “índice de satisfação do cidadão”, acompanhado pelo Sensus, a maior variação é em relação à violência, possivelmente sob influência dos acontecimentos em São Paulo. A percepção de que ela piorou subiu dos já elevadíssimos 79,7% de abril para 85,2% agora. Os que apontaram uma melhoria cairam de 5,5% para 3,7%.

A crise da segurança em São Paulo tiveram forte repercussão segundo a pesquisa: 84,1% ouviram falar dos ataques à polícia. Destes, 50,1% opinaram que isso vai prejudicar a campanha do ex-governador paulista Geraldo Alckmin; 22,3% responderam que não vai prejudicar.

Um ponto negativo para o governo, segundo a CNT-Sensus, foi a crise do gás. Dos pesquisados, 62,8% pelo menos ouviram falar da questão; destes, 28,2% acharam a reação de Brasília inadequada, contra 19,9% que acharam adequada. E 35,4% acham que o fornecimento de gás será afetado. Mas as opiniões se dividem sobre se isto afeta a reeleição de Lula: 28,4% acham que sim, 28,0% que não.

A pesquisa incluiu uma pergunta sobre futebol. 87,7% dos pesquisados acompanham pelo menos a Copa do Mundo, sendo que 39,4% acompanham e torcem sempre. Apenas 32% acham que uma vitória do Brasil na Copa vai beneficiar a reeleição de Lula, enquanto 53% responderam que não vai beneficiar.

O instituto Sensus realizou as 2 mil entrevistas da pesquisa em 195 municípios de 24 unidades da Federação, entre os dias 18 e 21 deste mês. A margem de erro é de 3 pontos para mais ou para menos.

O relatório completo da pesquisa está
no sítio da Confederação Nacional do
Transporte: http://www.cnt.org.br/