Para embaixador coreano, política externa de Lula é soberana
Em visita ao Comitê Central do PCdoB, o embaixador República Popular Democrática da Coréia Pak Hyok destacou a importância da política externa brasileira para a consolidação do Brasil como liderança dos países
Publicado 23/05/2006 17:15
“O PCdoB certamente influenciou a política independente do governo Lula”. A avaliação é de Pak Hyok, embaixador extraordinário da República Popular Democrática da Coréia, em visita à sede nacional do Partido Comunista do Brasil, em São Paulo, na manhã desta terça-feira. Hyok, que estava acompanhado pelo conselheiro Ri Sung Gil, é o primeiro embaixador do país no território brasileiro depois que as relações diplomáticas entre os dois países foram retomadas a partir de 2001.
Para o embaixador, o governo de coalizão do presidente Lula tem conseguido desenvolver e implementar uma política externa soberana, o que tem contribuído para que o Brasil se fortaleça como liderança latino-americana dos países em desenvolvimento. Neste sentido, Hyok ressaltou que o PCdoB tem desempenhado papel destacado. “Lembro que no 11º Congresso do PCdoB, o presidente Lula salientou que o Partido Comunista do Brasil foi um companheiro leal e sincero ao longo dos últimos anos, especialmente durante seu governo. O PCdoB se mantém fiel aos seus princípios de defesa dos trabalhadores e do povo brasileiro e isso é admirável”.
Reaproximação
Separadas no início dos anos 50 devido à interferência estadunidense, as duas Coréias voltaram a dialogar sobre a reunificação em 2000. Hyok lembra que no começo dos anos 80 foi apresentada uma proposta de estabelecer uma confederação que mantivesse a autonomia de ambos os governos. “Mas os Estados Unidos, mais uma vez, se opuseram a isso e as negociações não foram adiante”, recorda.
Em 2000, a partir da Declaração Conjunta Sul-Norte, de 15 de junho, quando os dois países se comprometeram a trabalhar pela reunificação, visitas e reuniões aconteceram com maior freqüência, contribuindo para uma nova configuração na Ásia. “A assinatura do acordo foi um marco porque significou a abertura de um diálogo sem interferências estrangeiras, especialmente a dos Estados Unidos”, disse Hyok.
Há cerca de 50 anos, as tropas norte-americanas ocupam a fronteira entre a República Popular Democrática da Coréia e a Coréia do Sul, que se estende de Leste a Oeste, por cerca de 260 quilômetros, impedindo a livre movimentação entre as nações. “Este é um problema sério para os coreanos em geral. Somos um mesmo povo, com uma mesma língua e cultura. Estamos trabalhando num esforço conjunto para mudar esse cenário buscando a paz na península coreana através da reunificação entre os países”.
Laços antigos
O Partido Comunista do Brasil e o Partido do Trabalho da Coréia do Norte mantêm relações históricas de cooperação. Foi com esse espírito que dirigentes do PCdoB, como João Amazonas, José Reinaldo Carvalho, João Batista Lemos, Haroldo Lima, Agnelo Queiroz, Renildo Calheiros e Aldo Arantes visitaram o país em diversas ocasiões. “Os dois partidos passaram a dialogar com maior sintonia a partir de 1992”. “Depois do estabelecimento de relações diplomáticas entre a República Popular Democrática da Coréia e o Brasil”, acrescenta o embaixador, “o que antes eram conversações apenas entre partidos de esquerda passou para o nível de cooperação entre os países. Esse foi um passo importante para estreitar os laços políticos, econômicos e culturais entre as duas nações”.
De São Paulo,
Priscila Lobregatte